"Sociedade incapaz de sentir ternura para cuidar da fragilidade é doente"
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa defendeu hoje que uma sociedade incapaz de sentir ternura para cuidar da fragilidade é uma sociedade doente, alertando que uma sociedade que permite a miséria tem a sobrevivência posta em causa.
© Global Imagens
País José Ornelas
Na intervenção de abertura da conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Conferência Episcopal Portuguesa, que durante o dia de hoje vai refletir sobre o tema "Pobres, pobreza e desigualdade", José Ornelas apontou que quando alguém não consegue ter os meios necessários a sustentar-se não é um homem ou mulher em pleno.
"Não é justo que alguém não tenha estes meios que lhe permitem ser aquilo que deve ser. Este relacionamento entre bens e as pessoas não está correto porque não é só porque não estão bem distribuídos, é porque não fazem jus àquilo que se é", sustentou.
Nas palavras de José Ornelas, o homem ou é cuidador ou predador e lembrou que ninguém nasce autossuficiente, pelo que "uma sociedade que não é capaz de ter ternura para cuidar da fragilidade é uma sociedade doente, é uma sociedade em via de desagregação e eventualmente de desaparecimento".
"Uma sociedade não pode permitir a miséria no seu seio porque isso acaba por infetar todo o sistema e tornar impossível a sobrevivência e o futuro", apontou.
Defendeu também que se a sociedade não for capaz de viver a questão da relação com os bens e a relação com o outro de uma forma justa e afetiva "não vai subsistir" porque é isso que cria a noção de família.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que o papel da Igreja Católica de combate à pobreza com caridade não é uma condescendência, não é um paternalismo, mas é antes ir à raiz daquilo que são os cristãos, pela fé.
Apelou ainda a que todos saibam retornar a esta casa comum da humanidade e encontrar uma forma de serem fraternos e cuidar uns dos outros, "erradicando aqueles que estão fora do sistema e que não são capazes de participar nisto".
"Eles ou os integramos ou vão ser a causa da nossa ruína", rematou.
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