O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior apelou hoje à "solidariedade entre os estudantes, os docentes e colaboradores das instituições de ensino superior e os seus dirigentes", na sequência do ataque planeado para a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa travado pela Polícia Judiciária.

Depois de confessar que a tutela recebeu a notícia do caso "com perplexidade", Manuel Heitor apela ainda, em comunicado, a todas as universidades, politécnicos e associações estudantis que "assumam uma posição ativa na integração saudável e solidária dos estudantes no ensino superior".

"Qualquer tentativa de ataque a uma instituição de ensino é um ataque perpetuado ao nosso futuro comum, contra a aprendizagem, o conhecimento e o pensamento livre e crítico, assim como o futuro das novas gerações", escreveu numa nota enviada às redações.

No comunicado, assinado por Manuel Heitor, recorda-se que os últimos dois anos de pandemia reclamaram "de todos os atores do ensino superior um maior sentido de responsabilidade para garantir a contenção da pandemia e a redução do risco sanitário", mas, agora que se retomam as atividades presenciais, é necessário "garantir as melhores condições de saúde mental e tranquilidade ambiental aos nossos estudantes".

"Vivemos crescentemente um “paradoxo de desenvolvimento”, com mais conhecimento e mais qualificações, mas também com mais incerteza e ansiedade, sobretudo entre jovens. E se temos de repudiar e combater de forma clara todas as manifestações de violência ou insegurança, temos também de apelar para um esforço coletivo para o reforço da nossa vida comum em qualidade e segurança", lê-se ainda.

Por fim, o responsável pela pasta do Ensino Superior, apela à valorização de "todas as iniciativas que promovam a segurança coletiva, a liberdade de pensamento e a emancipação dos jovens estudantes do ensino superior, estimulando a sua aprendizagem para serem cada vez mais alegres e tolerantes, respeitando os direitos individuais e coletivos e a nossa segurança coletiva".

"Se formos mais solidários, estaremos mais seguros. E a melhor forma de prevenir é partilhar", conclui.

Antes desta mensagem escrita, o ministro já tinha reagido, esta sexta-feira, ao ataque travado pela Polícia Judiciária, em declarações aos jornalistas, no Pavilhão do Conhecimento. Nessa altura, Manuel Heitor já tinha apelado "à solidariedade entre os estudantes” e assegurado que Portugal tem “instituições académicas seguras”.

Um estudante de 18 anos foi ontem detido pela Polícia Judiciária, que diz ter impedido assim uma "ação terrorista" e ter apreendido várias armas proibidas.

Em comunicado com o título "Impedida ação terrorista", a PJ diz que a investigação que levou à detenção foi desencadeada "por suspeitas de atentado dirigido a estudantes universitários da Universidade de Lisboa".

Ouvido hoje em tribunal, o jovem ficou em prisão preventiva, por decisão da juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

De acordo com fonte oficial do tribunal, o arguido ficou indiciado pelos crimes de terrorismo e detenção de arma proibida, com a juíza de instrução a decidir pela medida de privação da liberdade devido a "fortes indícios de existir a continuação da atividade criminosa e da perturbação da tranquilidade pública".

Segundo a informação fornecida, o estudante universitário vai agora ser levado para o Estabelecimento Prisional de Lisboa.

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