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Sócrates invoca falta de sorteio eletrónico para afastar juízas de Relação

O ex-primeiro-ministro José Sócrates pediu a nulidade da distribuição no Tribunal da Relação de Lisboa do recurso relativo à decisão instrutória do juiz Ivo Rosa no processo Operação Marquês, alegando não ter havido sorteio eletrónico de juiz.

Sócrates invoca falta de sorteio eletrónico para afastar juízas de Relação
Notícias ao Minuto

20:34 - 01/06/22 por Lusa

País Sócrates

Em requerimento dirigido à juíza desembargadora presidente da 9ª secção da Relação de Lisboa, Pedro Delille, advogado de Sócrates, afirma que o processo foi "pura e simplesmente atribuído" à juíza desembargadora adjunta, "sem precedência do sorteio eletrónico e aleatório legalmente exigido".

O advogado de Sócrates argumenta no documento a que a Lusa teve acesso que os procedimentos legais foram "ignorados, desprezados".

A justificar o pedido de nulidade, Pedro Delille aponta outras irregularidades, nomeadamente não ter sido notificado como advogado de Sócrates para o ato de distribuição, a "ausência do Ministério Público" e "inexistência ou omissão de documentação" que formalize e confirme a distribuição do processo.

Assim, entende a defesa que "a distribuição deste processo e todos os atos nele praticados desde então mostram-se viciados de nulidade insanável por violação das regras de competência do tribunal (Relação de Lisboa)".

O mandatário de Sócrates pede o afastamento do coletivo de juízas desembargadoras, defendendo que a "ausência de sorteio eletrónico e aleatório" da juíza representa "motivo sério e grave adequado a gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade" e, consequentemente, "de todo o coletivo" presidido pela desembargadora Maria José Caçador.

No documento, Pedro Delille pede a declaração de nulidade da distribuição e caso isso não aconteça pede que as juízas desembargadoras "se dignem a pedir escusa de intervir neste processo" ou, "não o fazendo, se dignem determinar a imediata suspensão deste processo e sua remessa com este requerimento ao Supremo Tribunal de Justiça para decisão de incidente de recusa (de juiz)".

Este requerimento, avançado pela revista Visão, pode atrasar ainda mais o processo Operação Marquês, nomeadamente a apreciação da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa pela Relação de Lisboa, em sede de recurso.

Dos 189 crimes na acusação da Operação Marquês, a decisão instrutória determinou que só 17 vão a julgamento, e nenhum deles de corrupção, tendo o Ministério Público manifestado imediata intenção de recorrer, o mesmo acontecendo com José Sócrates.

Dos 28 arguidos, dos quais 19 pessoas individuais e nove empresas, Ivo Rosa decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, e o antigo banqueiro Ricardo Salgado.

Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 09 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

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