José Ornelas compara santuários a postos de carregamento de baterias
O bispo de Leiria-Fátima comparou hoje os santuários aos "estacionamentos dos carros elétricos dos nossos dias, que fornecem a oportunidade de encontrar carregadores do amor de Deus" e permitem "continuar a caminhada da vida".
© Lusa
País José Ornelas
Na homilia final da peregrinação de 13 de outubro, em que se celebrou a solenidade da sagração da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, José Ornelas considerou que o santuário de Fátima "não é apenas um memorial do passado e da história de três pastorinhos".
"Ele só tem sentido se for local do encontro dinâmico de cada peregrino com Cristo, de profissão conjunta da fé", acrescentou o prelado, para quem, no Santuário de Fátima, Maria ensina "a ser Igreja unida na mesma fé e caminhar juntos, como Igreja sinodal para levar Cristo ao mundo".
Por outro lado, "habitualmente, os peregrinos não ficam no santuário; voltam para as suas vidas e os seus caminhos", disse o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
"Não se trata de um simples retorno a casa: os santuários são também lugares de partida desses peregrinos, para que sejam testemunhas e missionários da luz, da força e da esperança que o santuário lança nas suas vidas, para a levarem e partilharem com quem mais precisa", acrescentou José Ornelas perante milhares de peregrinos presentes no recinto do Santuário de Fátima para a última grande peregrinação do ano.
Esta peregrinação ficou marcada, principalmente na quarta-feira, pela questão dos abusos de menores no seio da Igreja Católica, com José Ornelas a considerar, em conferência de imprensa, que são acontecimentos dramáticos que "não têm desculpa", acrescentando que qualquer "número é sempre demasiado" e uma derrota.
"Mas estamos num ponto, também nós, de viragem", garantiu, assinalando que a constituição da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa "significa um esforço grande" que a instituição está a fazer, porque não se conforma com aquilo que sabe que, "infelizmente, existiu também na Igreja".
Sobre os casos que o visam particularmente, declarou-se "tranquilo", frisando não ter havido "nenhuma manobra de encobrimento" e não ter sido contactado pelo Ministério Público.
À noite, na homilia da celebração da palavra, o bispo evocou Sophia de Mello Breyner para explicar aos peregrinos de Fátima qual deve ser a atitude da igreja nos tempos de hoje e que se resume a encarar os problemas de frente.
"Vemos, ouvimos e lemos... não podemos ignorar", citou, na homilia da celebração da palavra desta noite no Santuário de Fátima, acrescentando que "esta tem de ser também a atitude da Igreja, que invoca Maria como sua Mãe".
"Como Igreja, temos de estar na linha da frente do estar atento, do proteger, do estar próximo a todas as fragilidades. Essa é a nossa missão, nascida e modelada pelo amor paterno/materno de Deus presente em Maria, Mãe e modelo do agir humano", defendeu o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), perante uma assembleia de milhares de peregrinos presentes no santuário da Cova da Iria.
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