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Portugueses presentes no funeral expressam gratidão por Bento XVI

Vários portugueses que estão hoje presentes no funeral de Bento XVI, na Praça de São Pedro, no Vaticano, expressaram gratidão para com o papa emérito, destacando que continua a inspirar as suas vidas.

Portugueses presentes no funeral expressam gratidão por Bento XVI
Notícias ao Minuto

08:00 - 05/01/23 por Lusa

País Bento XVI

Madalena Fontoura, psicóloga de 61 anos, que se deslocou de Lisboa a Roma para o funeral, disse à agência Lusa que a participação nas celebrações é "por gratidão com o papa",

"Como católica, morreu o papa, morreu-me um pai, venho fazer parte desta despedida em Igreja", declarou Madalena Fontoura, acrescentando: "Aprendi tanto, recebi tanto deste papa que vim à sua despedida".

Madalena Fontoura adiantou que, na viagem para Itália, lia no avião "Conversas Finais", entrevista de Bento XVI dada a Peter Seewald, realçando a "enorme sabedoria, enorme inteligência, enorme fidelidade à Igreja" do papa.

"Além disso tudo, o que me ressalta mais é a humildade dele, a simplicidade, a noção de que todo o valor vem de Deus e, portanto, este é um sinal de santidade para mim", continuou.

Para a psicóloga, o que mais a comove desde a renúncia ao pontificado é "a união entre o Bento XVI e o Papa Francisco que resiste aos esquemas de divisão criados pela opinião pública".

"É uma união de quem pertence a Jesus", frisou.

O padre Pedro Manuel, pároco nos concelhos de Loulé e Albufeira, na Diocese do Algarve, deslocou-se a Roma intencionalmente para o funeral.

"Sempre me tocou bastante pela sua presença humilde e pela sua palavra", adiantou o sacerdote, que acompanhou, como Madalena Fontoura, a visita apostólica de Bento XVI a Portugal, neste caso nas cidades de Fátima e Lisboa, em 2010.

O padre, de 39 anos, recordou que Bento XVI chegou a Portugal em 11 de maio, quando comemorava dois anos de sacerdócio.

"Era o papa na altura da minha ordenação presbiterial e nos meus últimos anos de formação", contou, elencando três frases do papa que o têm "iluminado na vida e no ministério".

A primeira, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em Colónia, na Alemanha, quando Bento XVI disse "Deus não tira nada mas dá tudo".

Já na visita a Portugal, no encontro com o mundo da cultura, no Centro Cultural de Belém (Lisboa), Pedro Manuel referiu que Bento XVI afirmou: "Fazeis coisas belas, mas fazei sobretudo da vossa vida um lugar de beleza".

No mesmo ano, no contexto do Ano Sacerdotal, afirmou que "Deus é a única riqueza que o mundo espera da vida de um padre".

Reconhecendo que Bento XVI tem sido uma inspiração, o sacerdote realçou "a questão da liberdade no momento em que resigna", mostrando que "o essencial não era a questão de poder, mas a liberdade de dar lugar a outro, e ele servir a Igreja no silêncio e no escondimento".

"E isso é muito exemplar para nós, sacerdotes", considerou.

Assumindo ter sido uma grande emoção, na quarta-feira, "entrar na basílica e estar diante dos restos mortais de Bento XVI e rezar por ele", o sacerdote sublinhou que, "apesar de estar no escondimento há 10 anos, a Igreja continua a estar com ele".

Já Leonor Castel-Branco, gestora de 31 anos, contou que veio de Florença com o marido e os dois filhos, incluindo um bebé de dois meses, de propósito a Roma, para o funeral.

"Temos uma enorme gratidão pelo papa Bento XVI, tudo o que ele deu à igreja e a cada um de nós pessoalmente", referiu, considerando que o maior legado do antigo chefe de Estado do Vaticano foi a unidade da Igreja: "Manter todos os católicos unidos à volta da mesma fé e grande diálogo e aproximação com cristãos não católicos".

Já para o mundo, Leonor Castel-Branco apontou que Bento XVI "foi líder em questões de transparência e investigação de problemas dentro da Igreja", dando como exemplo a questão dos abusos sexuais.

"E mostrou, com os seus livros e discursos, que a fé católica tem muita coisa para dizer aos intelectuais, universitários e cientistas", assinalou ainda Leonor Castel-Branco, para quem a Igreja e o mundo estão a viver um momento histórico, "porque há 600 anos que não havia um papa emérito e a morte de um papa emérito é, sem dúvida, algo único para a vida da Igreja".

O papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de completar oito anos no cargo.

Joseph Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

O funeral de Bento XVI realiza-se hoje, na Praça de São Pedro, às 9h30 locais (8h30 em Lisboa), numa celebração presidida pelo Papa Francisco.

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