Missão portuguesa na Turquia. "Queria honrar-vos pela vossa humanidade"
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa recebeu e homenageou os 15 operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros que regressaram, esta segunda-feira, a Lisboa, após 10 dias na Turquia.
© Global Imagens
País Sismo na Turquia
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, destacou a "prontidão" de quem não hesitou em viajar para a Turquia e ajudar quem mais precisava, com o caso do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa, após a catástrofe que assolou o país, com um sismo que provocou mais de 44 mil vítimas mortais e 100 mil feridos.
É uma honra para os lisboetas que hoje aqui represento dizer que vos quero honrar pelo vosso serviço, pelo vosso profissionalismo, mas queria honrar-vos também pela vossa humanidade", começou por dizer Moedas, na receção à equipa do Regimento de Sapadores Bombeiros que estiveram em missão na Turquia.
O autarca refere as imagens da missão destes operacionais, dizendo que "não nos pode deixar indiferentes pela humanidade" e "sobretudo os momentos que foram únicos e emocionaram os lisboetas e o nosso país".
Carlos Moedas refere-se à "força conjunta", da qual o RSB foi uma parte importante, que conseguiu fazer o salvamento de uma criança dos escombros.
"Foi um momento que eu sei que vos emocionou a todos", terminou.
Numa cerimónia nos Paços do Concelho, Carlos Moedas homenageou a equipa do RSB de Lisboa, que integrou a Força Operacional Conjunta que representou Portugal na Turquia e que esteve 10 dias, entre 08 e 18 de fevereiro, a participar em operações de busca e salvamento na cidade turca de Antáquia, atingida em 06 de fevereiro por dois fortes sismos.
"Vou atribuir a todos a Medalha Municipal de Bons Serviços e vou fazê-lo no dia da vossa Unidade, no dia 19 de maio", anunciou o autarca, indicando que a decisão foi tomada esta manhã, após proposta do comandante do RSB de Lisboa, Tiago Lopes.
Sem 'stock' de medalhas para agraciar os 15 operacionais, o presidente da câmara atribuiu hoje, "simbolicamente", a Medalha Municipal de Bons Serviços a Vitor Machacaz, chefe do RSB de Lisboa que integrou a missão na Turquia.
Carlos Moedas afirmou que a Medalha Municipal de Bons Serviços "é uma medalha de uma importância única, porque é [para] aqueles que conseguiram, em momentos muito únicos, naquele que é o serviço público, naquilo que é o serviço aos outros, honrar todos".
O autarca manifestou "um orgulho enorme" no trabalho do RSB de Lisboa, reforçando que "este Regimento de Sapadores Bombeiros é dos melhores do mundo", porque "está extremamente bem preparado" e a prova disso "foi a maneira como executaram esta ação e como foram para esta missão" de busca e salvamento na Turquia, em que a decisão de ir foi imediata: "Foi 'sim, vamos', sem pensar e sem hesitar um minuto".
Com a emoção de quem presenciou 'in loco' a devastação deixada pelo sismo na Turquia, Vitor Machacaz partilhou que durante a missão de busca e salvamento "houve momentos que marcaram a todos", mas "essas imagens não são passadas, essa fotografia fica na mente".
O chefe do RSB de Lisboa sublinhou que a missão na Turquia faz parte do ser bombeiro e "cumprir o dever" de proteção de vidas humanas e bens em perigo, afirmando que não o fazem a pensar em homenagens.
Sobre as operações de busca e salvamento na Turquia, inclusive o resgate de uma criança de 10 anos, Vitor Machacaz disse que "foi uma emoção muito grande", porque "a equipa esteve toda em perigo", com o registo de uma réplica, em que todos tiveram de fugir.
Visivelmente comovido, o chefe do RSB explicou que a equipa portuguesa foi preparada para o que iria encontrar na Turquia: "Só que a devastação era tão grande que não há imagem nenhuma que replique aquilo que sentimos e que vimos".
"Era tenebroso. Famílias à volta de fogueiras, enrolados em cobertores. Toda a gente a fugir da cidade e nós a entrarmos dentro da cidade", contou, referindo que houve alguma dificuldade na comunicação com a população, porque a língua turca é bastante difícil, mas quando a equipa portuguesa falava de Cristiano Ronaldo os turcos "mudavam completamente a forma de estar".
O terramoto de 06 de fevereiro, com epicentro em território turco, e ao qual se seguiram várias réplicas, fez pelo menos 44 mil mortos e mais de 100 mil feridos na Turquia e na Síria, números ainda provisórios e que deverão continuar a aumentar.
[Notícia atualizada às 15h32]
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