Altice. Anúncios com Ronaldo e Neymar estão a ser investigados
O Ministério Público acredita que a participação de Ronaldo foi uma condição imposta por Hernâni Vaz Antunes e Armando Pereira. Terão, depois, exigido o pagamento de comissões.
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O Ministério Publico (MP) está a rever a pente fino vários negócios da Altice, desde os direitos televisivos, até à contratação de campanhas publicitárias e à compra de aparelhos de duas marcas chinesas.
Segundo avança a SIC, o MP acredita que estes negócios permitiram o pagamento de luvas e prejudicaram o Estado em vários milhões de euros.
Cristiano Ronaldo, note-se, foi protagonista de um anúncio em 2016, numa campanha concebida pela MTSF PARTNERS. O negócio que a envolveu está sob suspeita.
O Ministério Público acredita que a participação de Ronaldo foi uma condição imposta por Hernâni Vaz Antunes e Armando Pereira. Terão, depois, exigido o pagamento de comissões.
Segundo o mesmo canal, o MP diz que primeiro, a Altice pagou à agência de publicidade e à representante dos jogadores. Depois, estes entregaram o dinheiro a outra empresa, propriedade de Luís Seara Cardoso, ex-vice-presidente do Benfica. No total, terão sido 2.5 milhões de euros.
Depois, esta empresa passou faturas a outras, de Hernâni Vaz Antunes e Amando Pereira, num total de 1.5 milhões de euros. Segundo a investigação, não foi prestado qualquer serviço.
A SIC revela ainda que também está em causa um anúncio com Neymar, mas, na realidade, as suspeitas envolvem todas as campanhas publicitárias feitas para a MEO entre 2015 e 2020.
Também os direitos televisivos de jogos de futebol estão sob suspeita.
Em causa está um contrato assinado pela Altice com o empresário Bruno Macedo, em 2016, para negociar com os clubes. O contrato rendeu 20 milhões de euros, mas desses, cinco milhões foram entregues à empresa de Hernâni Vaz Antunes.
Recorde-se que a Operação Picoas revelou, na passada semana, um alegado esquema financeiro em torno da Altice, detentora da antiga PT, que terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros.
O principal visado neste processo, o co-fundador da Altice, Armando Pereira, estava previsto começar a ser ouvido esta terça-feira por um juiz, mas o interrogatório deverá começar apenas hoje, quarta-feira.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP), em colaboração com a Autoridade Tributária (AT), lançou no dia 13 de julho uma operação com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, que abrangeram instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país, resultando em três detidos e na apreensão de documentos e viaturas de luxo avaliadas em cerca de 20 milhões de euros.
O MP entende que terá ocorrido uma "viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. O Estado terá também sido prejudicado com uma fraude fiscal "superior a 100 milhões de euros".
Em causa estão ainda indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas, a que se soma a suspeita da utilização de sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.
O cofundador da Altice Armando Pereira, que ficou detido no dia 13 na sequência das buscas, será alegadamente o líder de um esquema que, segundo o MP, terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros através do envolvimento de dezenas de sociedades controladas de forma indireta pelo seu homem de confiança, Hernâni Vaz Antunes.
O empresário terá utilizado a sua influência no grupo para controlar as decisões de contratação de fornecedores, que, alegadamente, passariam também a ter de contratar serviços a empresas controladas por Hernâni Vaz Antunes para conseguirem os contratos com a Altice.
A influência de Armando Pereira terá também sido concretizada na alienação de imóveis da Altice em Lisboa, cuja venda a empresas na órbita de Hernâni Vaz Antunes terá ficado por valores bastante abaixo da posterior revenda, com mais-valias de vários milhões de euros.
Quem são os outros arguidos
Jéssica Antunes, Álvaro Gil Loureiro e Hernâni Vaz Antunes são os outros arguidos da "Operação Picoas". Jéssica Antunes, filha de Hernâni Vaz Antunes e apontada pelo MP como 'testa de ferro' do pai em diversas empresas, foi a primeira a prestar declarações perante o juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal, entre sábado e segunda-feira.
O interrogatório prosseguiu com Álvaro Gil Loureiro, economista que tem ligação a diversas empresas associadas aos negócios em torno da Altice e que estão igualmente ligadas a Hernâni Vaz Antunes.
Já Hernâni Vaz Antunes, conhecido como 'braço direito' de Armando Pereira, estava entre os visados da operação, mas não foi localizado e acabou por só se entregar numa esquadra da PSP no Porto no sábado à noite, aguardando detido pelo seu interrogatório. É suspeito de obter comissões milionárias em vários negócios e de colocar 'testas de ferro' à frente de empresas para contratos de fornecimento à Altice.
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