Comemorar o 25 de Abril? "Faltava-nos algo: o 25 de Novembro"
A Câmara de Lisboa recorda e assinala o 25 de Novembro de 1975.
© Rita Chantre / Global Imagens
País 25 de Novembro
Carlos Moedas discursa na cerimónia comemorativa do 48.º aniversário do 25 de Novembro, no salão nobre dos Paços do Concelho, dizendo que "todas as datas contam".
"Estamos quase nos 50 anos do fim da ditadura e comemorar Abril é, por si só um, exercício de certa forma incompleto. Faltava-nos algo: o 25 de novembro. Aquele dia inicial, inteiro e limpo como descreveu Sophia de Mello Breyner. Podíamos ter tido mais um inverno mas tal não aconteceu. Porque depois de Abril tivemos Novembro", afirma.
Carlos Moedas defendeu que "reavivar a memória é aquilo que qualquer democracia madura deve fazer", observando que "reavivar a memória" do trouxe o país "até aqui é também lembrar o 25 de Novembro" e, com ele, "a vitória da democracia sobre qualquer tipo de totalitarismo".
Dizendo não querer um país sem memória, Carlos Moedas recordou o 25 de Novembro como um momento em que se viu a forma como o país estava dividido: entre aqueles que "queriam tomar o poder pela força, e aqueles que queriam uma transição democrática pacífica".
"Venceram estes últimos, que tiveram o seu grande representante na figura do então tenente-coronel Ramalho Eanes, a quem o país deve a gratidão eterna", enfatizou o presidente da autarquia lisboeta.
Nas palavras do autarca do PSD, o 25 de Novembro significou "a vitória da democracia sobre qualquer tipo de totalitarismo" e "vitória da democracia sobre o radicalismo", numa altura em que, disse, "havia modelos de totalitarismo para todos os gostos".
"Isto não era apenas uma fantasia de algumas mentes. Correspondeu também, na prática, a um projeto de poder, disse Carlos Moedas, sublinhando que esse "projeto de poder podia ter levado os portugueses por um caminho perigoso de fricção, de conflito e -- porventura até -- à guerra civil".
"Eram os tempos em que o poder militar pretendia ser monopolizador e motor do poder político. Eram os tempos em que alguns queriam que a legitimidade revolucionária substituísse a legitimidade eleitoral. Eram os tempos da Reforma Agrária, da nacionalização da banca, dos seguros, de parte da indústria. Eram os tempos que destruíram tantas e tantas empresas por todo o país, e que levaram o país à ruína económica", criticou Moedas.
Salientou o autarca do PSD que "tudo isto é hoje inconcebível" para os portugueses e que "se é inconcebível, devemo-lo ao 25 de Novembro de 1975".
Carlos Moedas alertou contudo para novos perigos no horizonte, ao dizer: "Hoje vemos os radicalismos à esquerda e à direita a atacar os moderados. Há um vazio, capturado pelas minorias barulhentas e os ativismos radicais estão aí. À falta de um ativismo social moderado que dê respostas concretas, é a estes radicalismos que as pessoas se agarram".
Lembrando o dia em que "a democracia venceu o extremismo", Carlos Moedas apontou os heróis dessa data, nomeadamente o general Ramalho Eanes, Jaime Neves, Melo Antunes e todos os militares do grupo dos 9, enaltecendo "os militares moderados que souberam interpretar a vontade do povo português -- que sabiam que a legitimidade do voto é a única legitimidade que conta numa democracia".
Na cerimónia, discursou também o general Rocha Vieira, que defendeu que celebrar o 25 de Abril implica celebrar o 25 de Novembro e vice-versa.
[Notícia atualizada às 13h29]
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