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O balanço de Marcelo e o "recorde de 10 anos" que desejava com Costa

Marcelo e Costa deixaram os habituais desejos de boas festas e Marcelo deixou elogios ao primeiro-ministro demissionário.

O balanço de Marcelo e o "recorde de 10 anos" que desejava com Costa

Marcelo Rebelo e Sousa deixou hoje os tradicionais cumprimentos de Natal mas, sendo a oitava e última que o faz com António Costa, o Presidente aproveitou para fazer um balanço. 

Marcelo desejou "afetuosamente" um Feliz Nata a Costa, que falara antes para dizer que Marcelo "poderá sempre contar" consigo para "acrescentar otimismo".

O Presidente começou por dizer que "esteve a fazer contas", apontando que o governo de Costa foi o mais longo do século XXI na democracia portuguesa. 

Diz não ter encontrado "nenhum exemplo de semipresidencialismo no século XXI tão pacífico como o português" e, olhando para os oito "ricos e intensos anos", Marcelo diz que o primeiro foi "cheio de boas notícias" na política e no desporto, mas também "grandes preocupação" como a saída do défice excessivo e a "consolidação da banca portuguesa".

Em 2017 destaca a primeira visita papal e o "período doloroso" dos fogos florestais. "Pelo meio ainda tivemos uma questão jurídico militar" que "caiu em cima dos fogos", referindo-se ao roubo de Tancos.

O ano de 2018 "começou bem", com a economia a dar sinais de recuperação, mas, lembra Marcelo, a meados do ano, ter-se à complicado, diz destacando o surgimento de movimentos inorgânicos e de fórmulas antissistema. "Foi um período particularmente complicado, o prenúncio de um processo que estava noutros países europeus e que estava a chegar a Portugal", afirmou. 

2019 "foi um ano muito mais pacífico", diz o Presidente, com o "turismo, investimento externo e sinais de crescimento". Depois, obviamente, 2020 e a pandemia. "Um período de grande unidade nacional", recorda. "Parece que não mas foram dois anos da nossa vida", diz, assinalando espetos positivos e negativos da pandemia. 

O Presidente lembrou ainda os efeitos da guerra, a subida dos preços e a "desorganização da vida económica internacional". "Tudo isso dominou sete meses da vida de 2022", considera. 

Fala ainda sobre o PRR e sobre os desencontros de opinião que teve com Costa, dizendo-lhe que “tem de admitir que a taxa de execução esteve bastante para trás em meados deste ano” e que só a partir do verão recuperou.

Lamentando estar a ser "enfadonho e longo", acrescentou que se quem viveu a história não a conta, "não a contarão certamente os que a viveram de outra perspetiva". 

Chegados a 2023, lembra o conflito no Médio Oriente e o que se mantém na Ucrânia, mas também na falta de "unidade" na União Europeia. 

Relação sempre boa "mesmo com divergências"

Por fim, diz que ao longo deste oito anos houve, além de "uma relação que era antiga pessoal e que foi sempre boa", uma relação institucional que foi também "sempre  boa mesmo quando haviam divergências políticas".

Lembrando que um "setor muito vasto nunca levou a bem" a relação entre Marcelo e Costa "porque faz parte da lógica da política o confronto", disse que ambos procuraram compromisso. 

Sem esse "esforço" de compromisso, diz, alguns desafios seriam impossíveis de vencer. "Acho que valeu a pena e para ser sincero estava convencido de que ia durar mais um tempo", diz Marcelo, que tinha "fórmula de 1 ano e 10 meses". 

"Não quis o destino que fosse assim e estava já eu a pensar bater o recorde de ter primeiro-ministro durante 10 anos, e não o consegui cumprir. A vida tem essas notícias", diz, ressalvando que, não tendo corrido tudo bem, foram tempos bons para a democracia portuguesa. 

Sempre de sorriso os lábios, dirigiu-se por fim a Costa, em jeito de graça, afirmando que este já está com a leveza de quem vai sair. Por fim, seguiram-se beijos abraços e apertos de mãos, os últimos cumprimentos de Natal de Costa. 

Leia Também: Marcelo "poderá sempre contar" com Costa para "acrescentar otimismo"

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