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Irlandês que morreu após ida a hospital de Faro estaria "aterrorizado"

Mãe falou pela primeira vez publicamente sobre o assunto. Sonya admite sentir "raiva" depois de ter descoberto que o filho morreu com uma peritonite.

Irlandês que morreu após ida a hospital de Faro estaria "aterrorizado"
Notícias ao Minuto

14:53 - 21/02/24 por Notícias ao Minuto

País Polémica

A família do turista irlandês que morreu, alegadamente, de uma peritonite não tratada menos de 48 horas depois de ter sido visto por um médico no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), em 2022, falou publicamente pela primeira vez sobre o caso.

Ao Dublin Live, a mãe de Robbie Byrne, jovem que tinha 27 anos quando morreu, confirmou que está a processar o hospital algarvio, ao qual pede uma indemnização no valor de 500 mil euros.

"Em lágrimas", segundo o jornal, Sonya insistiu durante toda a entrevista que a morte do seu "anjo", que esteve durante "horas abandonado numa maca", podia ter sido evitada se tivesse tido melhores cuidados médicos.

A irlandesa, que tem mais dois filhos, garantiu que, desde 18 de junho de 2022, dia em que Robbie morreu, durante a aterragem do avião em Dublin, após umas férias com quatro amigos no Algarve, que está a tentar obter "respostas".

"O apêndice de Robbie rompeu e isso acabou não só por queimar o seu esófago, como abrir um buraco no seu intestino. Ele era asmático, mas fora isso, sempre foi um jovem saudável. Tudo aconteceu muito rápido. Ele saiu com os amigos na noite de quarta-feira e na quinta-feira eles chamaram uma ambulância ao ouvi-lo chorar de dor", descreveu, lembrando que nenhum deles o pôde acompanhar por causa da Covid-19.

Depois de regressar a casa, contou ainda Sonya ao Dublin Live, o jovem disse aos amigos que "tinha ficado sozinho num canto, numa maca, sem os óculos que normalmente usava e sem conseguir entender bem o que tinha porque não falava português".

"Inicialmente, pensei que ele estava desidratado por causa do calor. Fiquei preocupada e queria que ele voltasse para casa, mas nenhum de nós sabia o quão doente o meu filho estava porque ele não tinha a informação que devia ter tido e que poderia ter salvo a sua vida, na minha opinião. Agora que sei tudo o que se passou, estou com muita raiva", atirou.

Segundo, Sonya, que tem 56 anos, o filho embarcou no avião "em agonia", num ato de "desespero face ao tratamento terrível" que teve em Portugal. "Estava aterrorizado", garantiu a irlandesa, realçando que não compreende como é que deixaram o filho embarcar se este desmaiou na zona de embarque e foi até assistido.

Sobre o pedido de indemnização, Sonya afiançou que "não se trata do dinheiro, mas de atingir uma grande empresa onde mais dói, que é no bolso".

"Eles nunca sentirão a dor que nós sentimos e que nunca acaba. Robbie era um anjo, o nosso bebé, um rapaz incrível e uma pessoa genuína e adorável. Queremos e precisamos de justiça para garantir que não acontece com mais ninguém", frisou.

Já o advogado da família, Alexandre Martins, confirmou ao Dublin Live que entrou com uma ação judicial em nome de Soyna e do marido, Nicky, contra o CHUA, no dia 22 de janeiro, num tribunal cível de Lisboa.

"Desde o tratamento no hospital até à sua morte, Robert passou por quase 48 horas de sofrimento, sem medicação sequer", realçou o advogado, acrescentando que "a dor que os pais sentem ao saber das circunstâncias em que o filho morreu têm de ser compensadas. Se ele estivesse no meio do deserto podia ser compreensível, mas não se consegue explicar que ele tenha sido abandonado dentro de um hospital de um país civilizado".

De acordo com Alexandre Martins, o hospital algarvio "deu a Robert uma pulseira verde, não urgente, e deixou o paciente sem cuidados ou informações. A informação é essencial num caso como este. Ele não sabia que a sua vida estava em risco e, sentindo-se sozinho, acabou por sair do hospital sem saber do risco que corria".

Recorde-se que o CHUA já disse que "lamenta a tragédia" mas que "da avaliação preliminar efetuada internamente, não há nenhum indício ou suspeita que coloque em causa a qualidade dos serviços prestados, uma vez que o utente abandonou o serviço".

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