Pais das gémeas luso-brasileiras pedem consultas online no Santa Maria
Os pais das meninas afirmam que têm medo de voltar a Portugal depois da "campanha" que dizem ter sido feita contra eles após suspeitas de que a administração do medicamento às meninas se devia à influência do Presidente da República.
© Global Imagens
Os pais da gémeas luso-brasileiras que receberam o medicamento Zolgensma, para a atrofia muscular espinhal pediram ao Hospital Santa Maria, em Lisboa, para que as consultas das meninas sejam online em vez de presenciais.
No pedido, enviado na terça-feira a Carlos Neves Martins, o presidente do conselho de Administração do hospital, a família solicitou ainda que nessas consultas não esteja presente o médico António Levy, chefe do serviço de pediatria daquele hospital, dado que, segundo alegam, "veio a público expor de forma pejorativa e inverídica" a mãe das gémeas, noticia o Jornal de Notícias.
Os pais das gémeas afirmam que têm medo de voltar a Portugal depois da "campanha" que dizem ter sido feita contra eles após suspeitas de que a administração do medicamento às meninas se devia à influência do Presidente da República, que negou estar associado ao caso, ainda que tenha admitido que o pedido foi recebido pela Casa Civil, que interveio.
As gémeas têm faltado às consultas hospitalares - a última estaria agendada para 8 de janeiro - e o hospital chegou a conceder um adiamento da consulta por 120 dias. No entanto, os pais, Daniela Martins e Samir Assad Filho, a viver no Brasil, juntamente com as filhas, não aceitaram e pedem agora que as consultas sejam feitas online.
De acordo com o jornal, os progenitores avançaram já com uma queixa crime contra o médico António Levy, que é também coordenador da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Santa Maria.
O Notícias ao Minuto já contactou o Hospital Santa Maria, em Lisboa, para confirmar este pedido dos pais das meninas, encontrando-se a aguardar resposta.
Recorde-se que o Ministério Público informou, no final de novembro, que estava a investigar as suspeitas de 'cunha' e de favorecimento no caso. Segundo confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Notícias ao Minuto, "o processo encontra-se em investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal Regional de Lisboa e, por ora, não corre contra pessoa determinada".
As duas meninas, cujo pedido de nacionalidade portuguesa ficou concluído em 14 dias, começaram a ser tratadas em Portugal no início de 2020 e receberam um tratamento milionário no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A TVI adiantou que o chefe de Estado fez referência à situação das gémeas em e-mails com um neuropediatra, em 2019, e que a família das meninas será conhecida do filho e da nora de Marcelo Rebelo de Sousa.
No início de dezembro, o Presidente da República, que garantiu anteriormente que não se recordava "minimamente" de como a trama tinha começado, confirmou que, a 21 de outubro de 2019, recebeu um e-mail do filho, Nuno Rebelo de Sousa, sobre a situação das meninas, que era "uma corrida contra o tempo".
"Tinham enviado para Santa Maria a documentação e não tinham resposta. [Perguntou] se era possível saber. No mesmo dia, despachei para o chefe da Casa Civil", explicou.
A resposta chegaria dois dias depois, tendo sido garantido ao filho do Presidente que o processo foi recebido, mas que estavam a ser "analisados vários casos do mesmo tipo", com capacidade de resposta "limitada".
Sublinhe-se ainda que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) também abriu um processo de inspeção "para verificar se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto".
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