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Do "novo ciclo" às "armadilhas". O Governo de Montenegro visto lá fora

Imprensa internacional não passou ao lado da tomada de posse do XXIV Governo Constitucional. As dúvidas sobre a estabilidade do Executivo ganham destaque, não ficando de fora as questões sobre o Chega e a conturbada eleição do presidente da Assembleia da República, num parlamento "altamente fragmentado". 

Do "novo ciclo" às "armadilhas". O Governo de Montenegro visto lá fora
Notícias ao Minuto

23:52 - 02/04/24 por Notícias ao Minuto

País XXIV Governo Constitucional

O XXIV Governo Constitucional, chefiado por Luís Montenegro, tomou posse, esta terça-feira, 2 de abril, e o momento não passou despercebido lá fora. Enquanto alguns meios de comunicação falam num "novo ciclo" na política portuguesa, outros questionam a "estabilidade" deste Executivo minoritário num Parlamento "fragmentado". 

"Governo de Montenegro toma posse e abre um novo ciclo na política portuguesa", lê-se no diário espanhol ABC, que escreve ainda que "a curta maioria no Parlamento, a oposição dos socialistas e a chantagem política permanente do Chega serão pressões sérias para o PSD". 

"Com atritos tanto à esquerda como à direita, a tomada de posse do novo governo PSD/CDS, esta terça-feira, no Palácio da Ajuda, marca o início de uma mudança de rumo no ciclo de oito anos de governo socialista em Portugal, embora se espere que seja efémero", destaca, referindo também que Montenegro "enfrenta também a necessidade de cumprir promessas eleitorais em busca de legitimidade política, sem comprometer o equilíbrio das contas públicas, legado de António Costa e Pedro Passos Coelho". 

Ainda por Espanha, o El País noticia: "Portugal estreia um Governo de centro-direita que dependerá da oposição". O diário escreve que "com a tomada de posse do novo primeiro-ministro, Luís Montenegro" e do seu Governo, a centro-direita "recupera o poder que perdeu em 2015, quando o socialista António Costa venceu com uma moção de censura apoiada pela esquerda sobre o conservador Pedro Passos Coelho". 

"Governo minoritário de Portugal empossado, estabilidade duvidosa", escreve a Reuters. A agência de notícias britânica destaca que o "Governo minoritário de centro-direita do primeiro-ministro Luís Montenegro tomou posse na terça-feira, num clima de dúvidas sobre a sua capacidade de sobreviver para além deste ano, uma vez que enfrenta o Parlamento mais fragmentado em 50 anos de democracia". 

"Montenegro afirmou que o governo está determinado a governar até ao final do seu mandato de quatro anos e meio e prometeu atuar com 'humildade, espírito patriótico e capacidade de diálogo', ao mesmo tempo que exigiu o mesmo da oposição", lê-se.

Já a Associated Press avança: "Novo governo minoritário de Portugal pretende ultrapassar os seus rivais populistas de direita radical". A agência dá destaque, na notícia de hoje, à conturbada eleição do presidente da Assembleia da República, que "expôs" "armadilhas" e "oportunidades". 

"O novo governo minoritário de centro-direita de Portugal tomou posse na terça-feira, dias depois de o seu primeiro teste no Parlamento ter exposto tanto as armadilhas como as oportunidades que enfrenta, na sequência do súbito aumento do apoio de um partido populista de direita radical nas recentes eleições legislativas", escreve, acrescentando ainda que "apenas um dos 17 ministros empossados na cerimónia realizada no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, tem experiência governativa de alto nível". "Mesmo o primeiro-ministro Luís Montenegro, que prometeu um gabinete composto por especialistas de fora dos círculos políticos habituais, nunca esteve no governo", adianta.

Em França, a imprensa escreve sobre a "fragilidade" do Governo de Montenegro. "Portugal: tomada de posse de um novo governo de direita que já é frágil", lê-se numa notícia do Le Fígaro, juntamente com a AFP.

O jornal francês sublinha que "um novo governo de direita moderada tomou posse" hoje, "mas a sua margem de manobra será tão limitada como a sua maioria parlamentar, que se encontra entre os socialistas cessantes e uma extrema-direita em rápido crescimento". 

"Governo minoritário de Portugal toma posse e enfrenta um Parlamento fragmentado", avança a Al Jazeera. O canal árabe financiado pelo Qatar escreve que o Governo de Montenegro "tomou posse num contexto de incerteza sobre a sua viabilidade a longo prazo, uma vez que enfrenta um Parlamento altamente fragmentado". 

A AD "precisará do apoio do partido de extrema-direita Chega, que quadruplicou a sua representação parlamentar para 50 deputados, ou do PS de centro-esquerda, que garantiu 78 assentos, para aprovar legislação". 

"O Chega, um partido anti-imigração cuja rápida ascensão reflete uma inclinação política para o populismo de direita em toda a Europa, exigiu um papel governamental ou um acordo de longo prazo para apoiar a AD, mas o Montenegro recusou repetidamente negociar", escreve.

No Brasil, destaque para a Folha de S. Paulo, que noticia: "Novo premiê de Portugal toma posse com discurso visto como aceno a ultradireita". 

"Com um discurso em que defendeu a regulação de imigração e propôs uma agenda nacional de combate à corrupção, Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD), coligação dos partidos da direita tradicional lusa, tomou posse como primeiro-ministro de Portugal na tarde desta terça-feira", escreve o jornal brasileiro, destacando ainda que, embora Montenegro tenha dito "desde a campanha que não pretende governar com o apoio da legenda de ultradireita Chega, o teor do discurso foi interpretado por alguns analistas como um aceno à bancada do partido populista, que é a terceira maior do Parlamento". 

Recorde-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu hoje posse ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e aos ministros do XXIV Governo Constitucional, numa cerimónia no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, 23 dias depois das eleições legislativas antecipadas de 10 de março.

O XXIV Governo tem o apoio de 80 deputados - 78 do PSD e 2 do CDS-PP - em 230, num Parlamento em que o PS tem 78 lugares, o Chega 50, a Iniciativa Liberal 8, o BE 5, PCP 4, Livre também 4 e PAN 1.

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