"Creio que o senhor Presidente da República tem tido uma semana penosa"
O presidente da IL considerou hoje que o Presidente da República "tem tido uma semana penosa" e que é descabida a reparação pelo passado colonial, defendendo que o Governo reagiu "no sentido certo" e que o bom senso prevalecerá.
© Amin Chaar / Global Imagens
Política Rui Rocha
"Eu creio que o senhor Presidente da República, lamento dizê-lo, tem tido uma semana penosa e portanto há muitos aspetos que vieram para a discussão pública que são aspetos que não têm nenhum interesse e estão também eles fora de tempo, fora de contexto. Esse é um deles", respondeu aos jornalistas Rui Rocha quando questionado sobre a sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa de que Portugal tem que reparar as ex-colónias.
Para o líder liberal, a reparação que há a fazer é "aos portugueses que hoje enfrentam salários baixos, uma pobreza que não tem sido possível superar, a emigração forçada sobretudo no caso dos nossos jovens".
"[Portugueses] que olham para tudo isto e hão de perguntar: mas quais são as prioridades do senhor Presidente da República quando há tantos desafios em Portugal, tantas questões por resolver e o senhor Presidente da República se coloca de forma repetida com estas prioridades que me parecem absolutamente descabidas", criticou.
Na opinião de Rui Rocha, "no final prevalecerá o bom senso", apontando como positivo o comunicado conhecido esta tarde no qual o Governo assegurou que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito" de reparação pelo passado colonial português e defendeu que se pautará "pela mesma linha" de executivos anteriores.
"Há quem diga que [o primeiro-ministro] é lento. Eu não discuto agora se foi rápido ou se foi lento a reagir, mas parece-me que reagiu no sentido certo", enfatizou.
O presidente da IL apresentou como hipótese Marcelo Rebelo estar "a sentir que o apoio que foi merecendo dos portugueses está a diminuir" e poder estar à procura de apoio "em franjas cada vez menos representativas da sociedade portuguesa" ou fora de Portugal.
"Uma coisa tenho a certeza: está a não refletir nestas propostas aquilo que foi a sua base de apoio. Isso tenho a certeza porque estas não são as prioridades dos portugueses", sublinhou.
O Governo afirmou hoje que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito" de reparação pelo passado colonial português e defendeu que se pautará "pela mesma linha" de executivos anteriores.
"A propósito da questão da reparação a esses Estados e aos seus povos pelo passado colonial do Estado português, importa sublinhar que o Governo atual se pauta pela mesma linha dos Governos anteriores. Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com esse propósito", refere o executivo, em comunicado da Presidência do Conselho de Ministros.
No texto, o executivo PSD/CDS-PP sublinha que "o Estado português, através dos seus órgãos de soberania - designadamente, do Presidente da República e do Governo -, tem tido gestos e programas de cooperação de reconhecimento da verdade histórica com isenção e imparcialidade".
O Presidente da República defendeu hoje que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.
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