Ordem dos Médicos quer apoio do Governo para hospital de Ponta Delgada
A Ordem dos Médicos defendeu hoje o apoio financeiro do Governo central na recuperação do hospital de Ponta Delgada, atingido por um incêndio, comprometendo-se a levar esse assunto à ministra da Saúde e ao Presidente da República.
© Global Imagens - Açoriano Oriental
País Ponta Delgada
"O Governo Regional obviamente tem um papel muitíssimo importante, mas quero chamar à solidariedade do Governo central nas várias vertentes, desde os recursos humanos, apoio técnico, até ao apoio orçamental absolutamente imprescindível", afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), em Ponta Delgada.
Carlos Cortes falava depois de se ter reunido com o presidente do Governo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, no final de dois dias de uma deslocação à ilha de São Miguel, na sequência do incêndio que deflagrou no sábado no maior hospital dos Açores e que obrigou a sua evacuação.
Segundo referiu, depois da fase inicial de resposta imediata aos utentes, entrou-se agora "noutro momento" importante para os cuidados de saúde, que passa por "preparar uma solução para que os doentes possam continuar a ter cuidados de saúde de qualidade".
Carlos Cortes adiantou que a sua visita permitiu perceber que as "coisas estão a ser bem organizadas" e manifestou disponibilidade para colaborar com as entidades regionais com apoio técnico e institucional da OM, na sequência de um convite feito pelo presidente do Governo.
"Não podemos esquecer que é uma crise, uma situação difícil, que obriga a medidas absolutamente excecionais que comprometem necessariamente o Governo Regional dos Açores, mas que também têm de comprometer o Governo central", alertou.
O bastonário reconheceu ainda que vai ser necessário um "esforço que é difícil" para a reconstrução e beneficiação do hospital de Ponta Delgada, no sentido de ser possível "atingir novamente a capacidade dos Açores num hospital com características muito importantes de fim de linha".
"Iremos tudo fazer para ultrapassar essa situação. Irei transmitir também essa mensagem à ministra da Saúde e ao Presidente da República", assegurou o responsável da OM.
Após a audiência, José Manuel Bolieiro enalteceu a postura do bastonário, que mostrou "estar pronto para ajudar" neste processo de planear o futuro do hospital, que será "submetido já a obras de reabilitação", mas também na fase posterior da sua ampliação e modernização.
"Tudo isso implica uma inesperada despesa", salientou o chefe do executivo açoriano, para quem é necessário o contributo do país e da própria União Europeia num volume "suficiente para a dimensão da gravidade" que resultou do incêndio.
José Manuel Bolieiro considerou ainda ser uma preocupação e uma prioridade a concentração das equipas de profissionais de saúde, atualmente dispersas por várias unidades, no sentido de lhes "exigir menos esforço" nesta nova fase.
Relativamente à instalação de um hospital de campanha das Forças Armadas em Ponta Delgada, o presidente do Governo referiu que isso "não está excluído".
"Não vamos é precipitar a projetação de meios sem antes termos a coerência definida e quais são os meios mais adequados, onde tem especial sensibilidade a componente cirúrgica", disse.
O bastonário dos médicos visitou hoje também o posto médico avançado da Cruz Vermelha, que já está instalado numa escola de Ponta Delgada, e que é composto por 12 tendas, garantindo o funcionamento de uma enfermaria completa.
Segundo a Cruz Vermelha, está prevista uma capacidade instalada, nesta primeira fase, para acolher 30 doentes e ainda mais quatro em situação de isolamento.
A entrega de mais dez tendas vindas do continente, e que ficarão após esta operação em permanência na região, permitirá a possibilidade de duplicar para 60 o número de doentes.
O incêndio no hospital de Ponta Delgada, que deflagrou pelas 09:40 locais de sábado (10:40 em Lisboa) e só foi declarado extinto às 16:11, obrigou à transferência de 240 doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, Madeira e continente.
O Governo dos Açores declarou no domingo a situação de calamidade pública para "acelerar procedimentos" que permitam normalizar num "curto espaço de tempo" a atividade da maior unidade de saúde açoriana, uma resolução que foi hoje publicada em Jornal Oficial.
A direção clínica anunciou na quarta-feira que o hospital vai ser reativado lentamente, prevendo-se que as unidades de oncologia e hemodiálise retomem a atividade de forma faseada na próxima semana.
Não foi ainda divulgada uma contabilização dos estragos do fogo.
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