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Investigação alerta para urgência de reduzir impacto humano no meio aquático

Reduzir o impacto humano no meio aquático permite evitar a libertação de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, contribuindo para controlar as alterações climáticas, concluiu uma investigação onde participaram 150 investigadores de 40 países, foi hoje anunciado.

Investigação alerta para urgência de reduzir impacto humano no meio aquático
Notícias ao Minuto

13:26 - 31/05/24 por Lusa

País Investigação

Liderada por investigadores norte-americanos de universidades e instituições científicas de Oakland, Geórgia, Utah, Virgínia e Estadual de Kent, a investigação, agora publicada na revista Science, incidiu sobre 550 rios em todo o mundo e teve a participação de três cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

"Precisamos de minimizar os impactos humanos nas águas doces para gerir de forma mais eficaz o ciclo global de carbono", alertaram os investigadores da FCTUC, citados numa nota de imprensa hoje enviada à agência Lusa.

O comunicado frisa ainda que o estudo estimou as taxas de decomposição de matéria orgânica em ecossistemas de água doce -- que são uma fonte de emissões de carbono -- a nível global.

"A decomposição de matéria orgânica produzida pela floresta que ladeia os cursos de água é um processo fundamental nos ribeiros florestados, estando na base das teias alimentares aquáticas", enfatizou.

No trabalho de campo realizado nos 550 rios a nível mundial, os cientistas realizaram "um ensaio padronizado para avaliar a taxa de decomposição de pequenos pedaços de tecidos de algodão (constituído maioritariamente por celulose, um composto vegetal muito abundante na Terra)", assinalou a UC.

Com base nestes testes, os investigadores utilizaram modelos preditivos e algoritmos de aprendizagem automática (machine learning, em inglês, uma das principais técnicas utilizadas na inteligência artificial) "para estimar as taxas de decomposição de celulose e de folhas de várias espécies em várias áreas do globo", explica o comunicado.

Acrescenta que os resultados da investigação "mostraram maiores taxas de decomposição em áreas agrícolas densamente povoadas (Estados Unidos, Europa e Sudeste Asiático)", sendo que aquilo que resulta dos escoamentos agrícola e urbano "é um dos principais contribuidores para o aumento das emissões de carbono responsáveis pelas alterações climáticas".

"Quando pensamos em emissões de gases de efeito de estufa, tendemos a associar às emissões dos automóveis e da indústria, mas os ecossistemas aquáticos também libertam dióxido de carbono e metano, em resultado dos processos naturais que lá ocorrem", revelou, citada na nota, Verónica Ferreira, investigadora do departamento de Ciências da Vida (DCV) e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da FCTUC.

Por seu turno, Cristina Canhoto, professora do DCV e investigadora no Centro de Ecologia Funcional, vincou que a decomposição de detritos vegetais é um processo fundamental nos ecossistemas de água doce.

"Mas quando as atividades humanas adicionam nutrientes (como fertilizantes), elevam a temperatura dos cursos de água e as taxas de decomposição também aumentam, levando à libertação de mais CO2 para a atmosfera", observou a cientista.

O comunicado da FCTUC notou ainda que a investigação mundial "aponta, de forma inequívoca, para o impacto determinante que os seres humanos estão a ter nas taxas de decomposição da matéria orgânica nos rios à escala global".

Esta descoberta está ilustrada nos mapas apresentados no artigo científico, que podem ser consultados, com acesso gratuito, numa página construída pelos principais autores do estudo, disponível em https://shiny-bsci.kent.edu/CELLDEX/.

"Esta ferramenta de mapeamento 'online' permite que qualquer pessoa perceba com que rapidez os diferentes tipos de folhas se podem decompor nos rios locais", assinalou o investigador do MARE Manuel Graça, acrescentando que a sua utilização "permite obter uma estimativa das taxas de decomposição foliar mesmo em rios que não tenham sido alvo de investigação prévia".

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