Aguiar-Branco evoca Mário Soares como símbolo "das democracias liberais"
O presidente da Assembleia da República evocou hoje o antigo chefe de Estado e primeiro líder do PS, Mário Soares, como símbolo da afirmação das democracias liberais, salientando a sua ação política nacional e internacional pela liberdade.
© Leonardo Negrão/ Global Imagens
País Aguiar-Branco
José Pedro Aguiar-Branco, eleito deputado pelo PSD e antigo ministro social-democrata, falava na sessão de inauguração da exposição 'Cravos e veludo, revoluções em Portugal e na Checoslováquia 1968, 1974 e 1989', que estará patente do Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado, em Lisboa.
Numa cerimónia em que estiveram presentes os embaixadores em Portugal da República Checa e da Eslováquia, o presidente da Assembleia da República contou a sua aventura em Praga, em 1989, quando se juntou ao movimento estudantil da então Checoslováquia, durante a chamada "Revolução de Veludo", que derrubou o regime vigente de inspiração soviética.
José Pedro Aguiar-Branco, então presidente da Associação dos Jovens Advogados, assim como o atual dirigente socialista Álvaro Beleza, que então liderava a Associação dos Jovens Médicos, foram dois dos principais protagonistas dessa deslocação de um grupo de jovens portugueses a Praga, onde ofereceram cerca de 20 mil rosas aos manifestantes que pediam eleições e democracia na Checoslováquia.
Na sua intervenção, Aguiar-Branco recordou que os jovens portugueses acabaram depois por ser recebidos por Vaclav Havel, que liderava a oposição, mas que meses mais tarde, na sequência da queda do regime apoiado por Moscovo, se tornou Presidente.
"Vaclav Havel agradeceu-nos o nosso gesto de solidariedade, nós que vínhamos de tão longe. E a equipa de Havel fez-nos um pedido: Um carro para que ele tomasse posse não com um veículo de fabrico soviético", disse.
Os jovens portugueses ficaram inicialmente embaraçados com o pedido dos checoslovacos, mas arranjaram uma solução.
"Falámos com Mário Soares, que logo compreendeu a importância de ser o Estado Português a oferecer o carro a Havel. Isso vale mais do que qualquer ato de diplomacia, disse-nos Mário Soares", contou o atual presidente da Assembleia da República.
José Pedro Aguiar-Branco considerou que foi "uma enorme felicidade" o seu grupo de jovens ter em 1989 Mário Soares como Presidente da República.
"É um símbolo da luta pela liberdade e da afirmação das democracias liberais", sustentou, antes de caracterizar o antigo chefe de Estado e fundador do PS como "um homem que procurou sempre soluções e consensos".
"Mário Soares teve portanto um papel importante na posse de Vaclav Havel como primeiro Presidente da Checoslováquia liberta. Por outro lado, também a nossa democracia liberal se deve muito a Mário Soares", realçou.
Ainda de acordo com José Pedro Aguiar-Branco, sete anos após a morte de Mário Soares "o país ainda não prestou o tributo que devia prestar por esse papel que teve na afirmação da democracia liberal".
"Espero que na antecâmara das comemorações dos 100 anos do seu nascimento isso se possa fazer. Se Mário Soares fosse vivo, acho que haveria uma maior dimensão para se evitar as polarizações excessivas que muitas vezes existe na nossa sociedade. Mário Soares trabalhou sempre como um construtor de pontes pelas reconciliações. É uma memória muito atual, porque precisamos de consensos", acrescentou.
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