Paquistão. Embaixador português diz que "não era expectável" atentado
O embaixador de Portugal no Paquistão e Afeganistão afirmou hoje, em declarações à Lusa, que "não era expectável" um atentado na zona onde esteve e há um "caráter atípico" de ter como alvo uma comitiva que integrava 12 diplomatas.
© MEHBOOB UL HAQ/AFP via Getty Images
País Paquistão
O atentado aconteceu hoje quando passava uma comitiva de diplomatas, a mais de 200 quilómetros de Islamabad, perto da fronteira com o Afeganistão.
Questionado sobre aquela região costuma ser alvo de atentados, Frederico Silva, que falava à Lusa a partir da capital paquistanesa, disse que não.
"Na zona onde eu estive hoje, não. E, aliás, não era expectável, ao contrário de outras zonas deste país, também fronteiriças com o Afeganistão, mas mais a sul, onde, de alguma forma é frequente a ocorrência de atentados deste tipo, ali não era expectável", disse o diplomata, que está na embaixada paquistanesa desde fevereiro do ano passado.
"E o caráter novo, um caráter mais atípico, digamos assim, do que aconteceu hoje é o tipo de alvo: de facto uma comitiva que integra 12 embaixadores não é propriamente frequente", contou.
Frederico Silva relatou que hoje tinha sido marcado um seminário sobre turimo, que teve lugar "numa região a cerca de 230 quilómetros daqui da capital, Islamabad, a noroeste não longe da fronteira com o Afeganistão".
Trata-se de "uma região de grande vocação turística com grande beleza natural e que tem muito turismo local e, daí, este seminário ter tido lá lugar", explicou.
Vários embaixadores "foram convidados para para estar presentes e apresentar as experiências dos respetivos países em matéria de turismo", o mesmo acontecendo com o diplomata português.
"Cada embaixador deslocou-se na sua viatura oficial" e "eu era o único português que participou, com o meu motorista paquistanês e, em comboio, fizemos a deslocação de Islamabad até lá", prosseguiu.
O seminário "correu bem", todos fizeram a sua apresentação no final e, quando se dirigiam para o hotel, "numa estrada de montanha, sinuosa, a certa altura deu-se uma explosão".
Uma explosão "grande e visível", o que teve o efeito de fazer com que as viaturas fizessem inversão de marcha e saíssem do local "com toda a rapidez possível", relatou.
O embaixador "estava mais ou menos a meio do comboio de viaturas", pelo que "deu para ver e ouvir perfeitamente a explosão, embora não estivesse junto a parte da frente do comboio que foi afetada".
Posteriormente, "soube-se que houve uma viatura que foi impactada por uma mina anticarro e era a viatura que seguia à frente" com a força policial, contou Frederico Silva.
"Infelizmente, resultou daí um falecimento de um dos agentes policiais e ferimentos graves em quatro", e da parte dos embaixadores e das suas comitivas "o regresso deu-se imediatamente a Islamabad".
O embaixador salienta que do lado diplomático "não há vítimas a registar" e que, neste momento, todos "já estarão de volta" à capital paquistanesa.
Ao todo eram 12 embaixadores, entre os quais da Indonésia, do Irão, do Vietname, da Rússia, do Ruanda e do Zimbabué.
"Estavam também vários diretores e homens de negócios ligados ao turismo da Câmara de Comércio de Islamabad e da Câmara de Comércio de Swat", acrescentou.
O evento terá envolvido "talvez uma centena de pessoas, no total" e o comboio, em si, deveria ter cerca de 20 viaturas, "ou talvez um pouco menos, e cerca de 50 pessoas.
O embaixador referiu ainda que apesar de não ser expectável o atentado na zona onde ocorreu hoje, "existe uma franja territorial do Paquistão que é contígua ao Afeganistão" que, "de facto, é bastante insegura", onde se verificam atentados e situações violentas com grande frequência.
Na generalidade do país, o fenómeno do terrorismo também tem "alguns momentos em que acontece noutras áreas do país, mas de forma muito mais excecional", concluiu.
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