Desacatos voltam ao bairro do Zambujal: Autocarro em chamas e explosões
Distúrbios ocorrem na sequência da morte de Odair Moniz, de 43 anos, na madrugada de segunda-feira, na sequência de uma intervenção policial na Cova da Moura.
© Notícias ao Minuto
País Amadora
Os distúrbios continuam, esta terça-feira, no bairro do Zambujal, concelho da Amadora, na sequência da morte de um morador, baleado na segunda-feira pela Polícia de Segurança Pública (PSP), no Bairro da Cova da Moura. Um autocarro da Carris Metropolitana foi incendiado e foram ouvidas várias explosões, mas não são conhecidos feridos.
Nas redes sociais foram divulgadas imagens, que mostram uma grande nuvem de fumo no Bairro.
Segundo a agência Lusa, pelas 19h05, as equipas de prevenção e intervenção rápida da PSP que se encontravam na praça de São José deslocaram-se para o interior do bairro, com duas carrinhas e seis motas.
Em declarações à Lusa, uma moradora relatou que o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura. As chamas consumiram o veículo, tendo-se também ouvido explosões e disparos. Do autocarro restou apenas a carcaça e um amontoado de chapa e cablagens calcinadas.
Na altura, a polícia montou um perímetro de segurança no acesso à zona do fogo, muito próximo de prédios de habitação. Elementos dos Bombeiros Voluntários da Amadora apagaram as chamas que lavravam por todo o autocarro, no cruzamento das ruas das Galegas e do Cerrado do Zambujeiro, mas as operações de extinção do incêndio ainda demoraram mais algum tempo. Já passava das 21h00 quando os bombeiros abandonaram o local, após cerca de duas horas de trabalhos.
O Notícias ao Minuto sabe que a Polícia Judiciária (PJ) se deslocou ao local.
Veja abaixo e na galeria algumas imagens do local.
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"Incidente infeliz"
No Parlamento, a ministra Administração Interna elogiou a intervenção da PSP no Bairro do Zambujal, frisando que manteve a segurança e a paz pública no bairro. Margarida Blasco classificou hoje como um "infeliz incidente" os acontecimentos que levaram à morte de Odair Moniz, justificando o inquérito na Inspeção-Geral para se "saber exatamente o que aconteceu".
O que aconteceu?
Recorde-se que os distúrbios ocorrem na sequência da morte de Odair Moniz, de 43 anos, na madrugada de segunda-feira, na sequência de uma intervenção policial na Cova da Moura.
Segundo a PSP, o homem estava "em fuga" e morreu após ser baleado pela polícia, quando tentava resistir à detenção e agredir os agentes com uma arma branca.
"Minutos antes, na Avenida da República, na Amadora, o suspeito, ao visualizar uma viatura policial, encetou fuga para o interior do Bairro Alto da Cova da Moura", referiu a força de segurança em comunicado na segunda-feira.
O homem acabou por morrer no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, para onde foi transportado, e a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa já contestaram a versão policial sobre a morte de Odair Moniz e exigem uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
O agente da PSP que baleou mortalmente o homem foi constituído arguido pela Polícia Judiciaria (PJ) e a arma de serviço foi-lhe apreendida para investigação, disse à Lusa fonte da PJ.
Fonte da PSP disse à agência Lusa que se trata de um procedimento normal neste tipo de ocorrências e que o agente se mantém em funções. Na segunda-feira à noite já várias pessoas tinham causado distúrbios no bairro do Zambujal, na freguesia de Alfragide, onde morava o homem baleado.
Entre os desacatos estão vários focos de incêndio, nomeadamente em caixotes de lixo, paragens de autocarro destruídas, um autocarro apedrejado e muita gente na rua.
Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
Moradores exigem "justiça"
Antes, ainda durante a tarde, duas dezenas de moradores tinham subido até à praça de São José para dizerem "presente" e exigir "justiça" após a morte.
"Queremos Justiça", "Presente" e "Unidos pela força" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelas duas dezenas de moradores, a maioria mulheres, que subiram do interior do bairro até à rotunda da praça de São José, onde se concentraram unidades especiais da PSP.
A marcha ocorreu pelas 16h30, após uma concentração de moradores junto a um café do bairro, próximo do estabelecimento de Odair Moniz. Os manifestantes acabaram por desmobilizar após cerca de 20 minutos, mas ao longo da tarde continuou-se a escutar o rebentamento de petardos no interior do bairro.
[Notícia atualizada às 21h31]
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