Carris com "desvios pontuais" devido a desacatos em bairros de Lisboa
A empresa municipal lisboeta Carris avisou hoje para "desvios pontuais" em alguns troços do trajeto de três carreiras, nomeadamente 714, 754 e 764, no âmbito dos desacatos nalguns bairros após a morte de um homem baleado pela PSP.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
País Amadora
"As carreiras 714 [Cais Sodré -- Outurela], 754 [Campo Pequeno -- Alfragide] e 764 [Cidade Universitária - Damaia Cima] estão a registar desvios pontuais em alguns troços do trajeto, decorrentes de alterações de circulação temporárias, em algumas vias", informou a Carris, gerida pela Câmara Municipal de Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, fonte da Carris confirmou "alguns ajustes" no serviço de transporte público devido aos desacatos nalguns bairros após a morte de um homem baleado pela PSP, ressalvando que todas as carreiras estão a operar, mas há três com "alterações parciais dos percursos".
A mesma fonte disse que a situação é "muito dinâmica" e que a Carris está "em estreita articulação com as autoridades competentes", referindo que estes "desvios pontuais" estão a ser implementados como o que acontece no caso de "grandes eventos e condicionamentos de trânsito".
Neste momento, as três carreiras afetadas - 714, 754 e 764 -- estão a operar, mas há "pequenos troços que estão a circular por outras vias".
No âmbito dos desacatos, um autocarro da empresa municipal Carris, que fazia a carreira 714, foi incendiado na noite de terça-feira no bairro da Portela de Carnaxide, concelho de Oeiras, confirmou à Lusa a mesma fonte, indicando que a viatura ficou "completamente destruída" e que está em articulação com as autoridades policias, inclusive com a Polícia Judiciária, para averiguação do que aconteceu.
Também na noite de terça-feira foi incendiado um autocarro da Carris Metropolitana no Bairro do Zambujal, na Amadora, distrito de Lisboa.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
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