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Gémeas. "IGAS não investigou comportamento do Presidente porque não pode"

António Carapeto, inspetor-geral das Atividades em Saúde, esteve esta terça-feira no Parlamento, onde foi ouvido no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas.

Gémeas. "IGAS não investigou comportamento do Presidente porque não pode"
Notícias ao Minuto

15:30 - 29/10/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Gémeas luso-brasileiras

A Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras continua esta terça-feira, e hoje são ouvidos o inspetor-geral das Atividades em Saúde, António Carapeto, e o diretor de neuropediatria do Hospital Dona Estefânia, José Pedro Vieira.

 

"Este é um processo a partir do qual a Administração Pública e lideranças poderão retirar algumas lições de aprendizagem sobre como agir na zona em que se estabelece a relação com poder político - ou seja, no ponto de encontro entre as decisões fundadas na independência técnica da administração política e a zona de intervenção legítima do poder político. É uma sugestão que dirijo aos órgãos de gestão e de direção de todas as entidades do Serviço Nacional de Saúde [SNS] e do Ministério de Saúde, enquanto inspetor-geral. Reflitam sobre isso", referiu António Carapeto na sua intervenção inicial.

Durante a mesma intervenção, o responsável do IGAS, falou da inspeção normativa que autorizou após o caso ser conhecido, por forma a "verificar se foram cumpridas todas as normas".

António Carapeto sublinhou que o projeto de relatório foi aprovado a 16 de fevereiro deste ano, e que "a IGAS concluiu que o acesso das duas crianças à primeira consulta hospitalar desrespeitou a s regras previstas na legislação, uma vez que o Centro Hospitalar Lisboa Norte, atual Unidade Local de Santa Maria, procedeu ao agendamento das consultas das duas crianças na sequência de uma comunicação remetida a partir do gabinete do então secretário de Estado da Saúde, ou seja, sem que tenha existido o encaminhamento efetuado por uma entidade com essa legitimidade clínica".

"A IGAS não investigou o comportamento do Presidente da República, ou da sua Casa Civil, do primeiro-ministro, da ministra da Saúde ou do secretário de Estado da Saúde, nem tão pouco de nenhum deputado da Assembleia da República. E não o fez porque não o pode fazer", afirmou ainda, dizendo que não está nas mãos da IGAS avaliar ou aferir a responsabilidade política de alguém.

António Carepto não fez comentário na ordem política, tendo reforçado a ideia de que a IGAS não fa inspeções a políticos. "A Inspeção-Geral não faz inspeções a políticos, mas a organismos do SNS", sublinhou.

O responsável da IGAS disse também que há espaço para melhoria na hora das tomadas de decisões, para que situações semelhantes não se repitam.

Em causa está o tratamento hospitalar (em 2020) de duas crianças gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam no Hospital de Santa Maria (Lisboa) o medicamento Zolgensma. Com um custo de dois milhões de euros por pessoa, este fármaco tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.

O caso foi divulgado pela TVI, em novembro passado, e está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, que disse que "o inquérito tem arguidos constituídos", e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal.

Também uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.

[Notícia atualizada às 15h49]

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