Presidência do Brasil do G20 foi "êxito" e Portugal ajudou com "soluções"
O primeiro-ministro defendeu hoje que a presidência do Brasil do G20 foi "um êxito", ao apostar em temas como combate à pobreza e à fome, e considerou que a participação de Portugal contribuiu para "soluções mais consensuais e profícuas".
© DANIEL RAMALHO/AFP via Getty Images
País G20
Luís Montenegro falava em conferência de imprensa, no final da cimeira do G20 no Rio de Janeiro, cujos trabalhos Portugal integrou pela primeira vez como observador a convite da presidência brasileira.
"Combate à pobreza, combate à fome, aposta em maior soberania alimentar como condição para podermos ter mais igualdade, a contribuição para aproveitarmos o potencial da inteligência artificial, a preservação do clima, a responsabilidade que temos para com as futuras gerações, foi uma presidência que teve êxito, que teve sucesso", afirmou, felicitando o povo brasileiro e o Presidente Lula da Silva.
Montenegro desejou também felicidades à futura presidência do G20, a África do Sul, salientando que é no continente africano que se colocam de forma mais premente os desafios colocados na reunião pelo Brasil.
No balanço da participação de Portugal, o primeiro-ministro considerou que o país esteve sempre na "linha da frente" para que as conclusões da reunião pudessem "não só ser o mais consensuais, mas também o mais profícuas possível para os próximos anos".
Além de integrar, como país fundador, a Aliança para o Combate à Fome e à Pobreza lançada pelo Brasil, Montenegro destacou a participação hoje, num encontro à margem dos trabalhos, com países como o Brasil, a Espanha, a Índia, a Itália e a Organização Mundial de Saúde sobre a utilização da inteligência artificial.
"É nosso propósito dotar a nossa administração pública dos instrumentos que a inteligência artificial nos proporciona para podermos ser mais eficazes a responder às solicitações dos cidadãos e também às solicitações das empresas", disse, considerando que a cooperação hoje estabelecida é um instrumento importante de partilha de soluções.
O primeiro-ministro português salientou ainda a intervenção que fez na terceira e última sessão de trabalho do G20, dedicada às alterações climáticas e à transição energética, na qual disse ter partilhado o Plano Nacional para o Clima e a Energia e as metas do país para atingir a neutralidade carbónica até 2045, até 2030 conseguir uma redução de 55% das emissões face ao valor de 2005, bem como, até o final da década, poder ter 51% de energia renovável no consumo geral de energia em Portugal.
Neste tema, Montenegro disse ter havido curiosidade sobre o programa de Portugal de converter a dívida de alguns países no âmbito da cooperação externa em investimento climático, "na produção de ganhos, na proteção do ambiente e na promoção de energias renováveis".
"Já está em funcionamento com Cabo Verde, está em vias de se começar a implementar também em São Tomé e Príncipe, e creio que a experiência que tive a ocasião de transmitir pode ser uma inspiração para que outros países no âmbito também das suas políticas de cooperação externa", afirmou.
Montenegro disse ter ainda reiterado, perante os membros e países convidados do G20, a posição do governo português em colaborar "com todas as iniciativas no domínio da transição climática e energética associadas à preservação dos oceanos, da biodiversidade marítima".
"Temos todo o interesse em aprofundar, como temos vindo a fazer com outros países, as formas de podermos, por um lado, preservar a biodiversidade marítima e, por outro lado, também aproveitar as oportunidades que no mar se abrem para a produção de energia", afirmou.
Portugal participou durante este ano em mais de 100 reuniões do G20 a convite do Brasil, a nível ministerial e nível técnico, culminando com a cimeira de chefes de Estado e de Governo, no Rio de Janeiro.
Os membros do G20 -- EUA, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, Índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia e, ainda, a União Europeia e a União Africana -- representam as maiores economias, cerca de 85% do Produto Interno Bruto mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
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