Tempo entre ato da violência doméstica e a denuncia está a reduzir-se
O tempo entre o ato da violência doméstica e a denuncia diminuiu em Portugal, mas o crime está mais letal, sendo urgente que tribunais, polícias e Estado atuem de forma célere, alerta a APAV.
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País Violência doméstica
Em entrevista à Lusa no âmbito Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, que se assinala dia 25 de novembro, Daniel Cotrim, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), afirmou que nos últimos anos o espaço de tempo entre o ato da violência doméstica e a denúncia da vítima está a ficar mais curto, situando-se entre os dois e os seis anos.
"Se há 10 anos falávamos de mulheres que demoravam cerca de 15 anos a apresentar uma denuncia ou a pedir apoio para uma situação de violência doméstica, hoje em dia aquilo que vemos é que na grande maioria das situações -- e são dados das polícias, dados da APAV, das organizações -- entre a primeira vez que há uma agressão e a denuncia estamos a falar de período de dois a seis anos", constatou.
Na opinião do psicólogo da APAV é sinal de que as campanhas estão a causar efeito e que as pessoas "têm noção que aquilo que lhes está a acontecer é errado".
Por outro lado, o especialista defendeu que as autoridades policiais e as instituições governamentais têm de ser rápidos a agir, porque entre estes dois a seis anos a "violência é mais letal".
"Os tribunais têm de ser rápidos na aplicação de medidas de coação às pessoas agressoras, as polícias têm que intervir rapidamente, as organizações têm de estar bem dotadas de respostas imediatas para apoiar as vítimas", apelou.
Na sua opinião, "o Estado tem de ser capaz de apoiar de forma eficaz, rapidamente, as vítimas de violência doméstica, nas suas mais diversas perspetivas, do ponto de vista da habitação, do ponto de vista dos apoios ao emprego, do ponto de vista das crianças e aos jovens que são também vítimas indiretas da própria violência", sublinhou Daniel Cotrim.
"Todos a funcionar de uma vez para conseguirmos parar este tipo de situações, porque nós sabemos que é quando as vítimas apresentam queixa que aumenta o grau de risco. Ora se nós sabemos todos que aumenta o grau de risco e que já estudámos o grau de risco, então é preciso construir planos de segurança verdadeiramente eficazes e que envolvam todas as entidades, públicas e privadas, que têm uma palavra importante a dizer no apoio às vítimas de violência doméstica", frisou.
Para Daniel Cotrim, a violência passa "muito depressa" da violência psicológica para a "violência física, para a violência sexual e para a tentativa de homicídio e para o homicídio".
A maioria (75%) dos homicídios em contexto de violência doméstica acontece a mulheres, recordou.
A estratégia, concluiu, tem de passar por não falhar a prevenção e a sensibilização, para ajudar a debelar o problema, e a tomar mais depressa consciência do crime, mas, por outro lado, é preciso, que a intervenção seja cada vez mais rápida, porque a "escalada da violência é muito maior agora do que quando as pessoas só vinham [pedir apoio] quando estavam 15 anos a viver numa situação de violência doméstica".
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