Estudo desenvolvido em Portugal avaliou risco sísmico no Nepal
Três investigadores portugueses participaram num estudo sobre a perigosidade e risco sísmico no Nepal, atingido por um sismo no sábado que provocou milhares de mortos, tendo identificado as áreas de maior risco e medidas para a sua redução.
© Reuters
País Catástrofes
"O estudo permite de uma forma global, e utilizando a ferramenta OpenQuake, desenvolvida pelo GEM -- Global Earthquake Model, avaliar a distribuição dos danos e perdas económicas de acordo com diferentes cenários sísmicos (vários sismos com diferentes localizações e magnitudes)", disse hoje à agência Lusa Hugo Rodrigues, professor adjunto na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria.
Segundo o investigador, "é este tipo de resultados que são usados pelas agências responsáveis pela proteção civil para o desenvolvimento de planos de emergência", seja no Nepal, em Portugal ou noutro país.
O responsável observou que, "apesar das incertezas naturalmente associadas a este tipo de estudos, o trabalho efetuado permitiu identificar as áreas com maior risco para o país, considerando as diferentes tipologias de construção e a perigosidade sísmica do Nepal".
Por exemplo, "permitiu verificar que algumas tipologias (adobe e alvenaria tradicional) são mais vulneráveis e nas quais são esperados maiores danos e colapsos", referiu o docente.
"Estes resultados são críticos para a definição de planos de emergência ou para avaliar a capacidade de resposta que os serviços de saúde ou a proteção civil deverão possuir. Por outro lado, a longo prazo, permite a definição de políticas de mitigação do risco sísmico, políticas de planeamento de ordenamento urbano", adiantou Hugo Rodrigues.
O estudo foi desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento do investigador nepalês Hemchandra Chaulagaim, que esteve a trabalhar na Universidade de Aveiro ao abrigo do programa EUNICE - Erasmus Mundus, tendo sido publicado este mês na revista internacional da área dos riscos naturais "Natural Hazards".
Participaram ainda Vítor Silva, investigador na Universidade de Aveiro e coordenador da Secção de Risco Sísmico do GEM -- Global Eaerthquake Model, Enrico Spacone, da Universidade de Chieti-Pescara, Itália, e Humberto Varum, do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Questionado sobre se ficou surpreendido com a devastação originada pelo sismo de magnitude 7,8 e cerca de 60 réplicas, que causaram mais de 5.000 mortos, cerca de 11.000 feridos e meio milhão de deslocados, Hugo Rodrigues sustentou que quando ocorrem sismos "desta magnitude e com as características construtivas da região, seria de esperar algo grave, como o que aconteceu".
O docente salientou que o Nepal é uma área particularmente sensível para a ocorrência deste tipo de fenómenos.
"A sismicidade histórica da região (1255, 1810, 1866, 1934, 1980 e 1988) apontava para isso, tal como reconhecido no nosso estudo e em muitos outros sobre a região. Seria expectável um sismo semelhante ao de 1934 que teve uma magnitude de 8.2 e vitimou quase 10 mil pessoas", declarou.
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