"De forma geral, os políticos sempre tentaram interferir na ASAE"
O antigo dirigente da ASAE acredita que o tentaram afastar do cargo por não concordar com a forma como o Estado via a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.
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País António Nunes
António Nunes foi diretor executivo da Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel e ex-diretor-geral da ASAE, contudo deixou os 40 anos de Estado “sem nenhuma mágoa” e garante que houve tempos em que o tentaram afastar.
O economista revela não saber se existem listas VIP, porém considera “perfeitamente possível aquilo que veio a público de dizer para as brigadas não irem a tal sítio porque estava lá um membro do Governo”. “De forma geral, os políticos sempre tentaram interferir na ASAE”, admite.
“A ASAE era muito escrutinada pelo poder político e como não havia capacidade de ir a todos os eventos políticos decidiu-se por não ir a nenhum”, explica o antigo responsável pela autoridade ao Diário de Notícias.
A certa altura, António Nunes foi envolvido numa polémica por recusar submeter-se a um concurso público. Contudo, explica que “foi uma questão de princípio”. O antigo diretor-geral da ASAE entende que, “sendo a ASAE um Órgão de Polícia Criminal (OPC), os seus dirigentes, tal como outros no OPC, não devem ser sujeitos a concurso”.
A comissão de serviço em que estava inserido ainda tinha um ano de funções, assim António Nunes garante que “se havia pressa em fazer o concurso é porque não gostariam que eu lá estivesse”. “Sei ler nas entrelinhas”, conclui.
Após 17 anos como dirigente do Estado, o economista sai “sem nenhuma mágoa” e fê-lo porque “não havia condições para continuar”. “Às 23h58 da véspera do dia em que passei à aposentação entreguei tudo aquilo que tinha para entregar à organização e saí como entrei: com a chave do meu carro no bolso”, explica o ex-dirigente.
Na opinião de António Nunes, “quem escolhe a carreira pública, escolhe a carreira pública e ponto final”, explicando que não deveria haver trocas entre setor público e privado. “Sou apologista de que devia haver mais separação de águas”, garante.
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