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"A Europa já estava à espera de um pretexto para acusar os refugiados"

A opinião é do antigo embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa, no Diário Económico.

"A Europa já estava à espera de um pretexto para acusar os refugiados"
Notícias ao Minuto

07:45 - 16/11/15 por Notícias Ao Minuto

País Seixas da Costa

"Uma parte substancial dos terroristas emanam da própria sociedade francesa. Mas é normal que se verifique uma reação que afete o espaço Schengen. Já era certo que uma revisão deste espaço era inevitável. O que se tenta agora evitar é uma revisão radical que afete a livre circulação dentro da Europa", comenta Seixas da Costa após os ataques aos franceses, na passada sexta-feira.

Para o antigo embaixador de Portugal em Paris, "Portugal, na sua condição de país periférico, é um país que beneficia bastante de Schengen, acima de tudo a nível turístico" e que por isso, é necessário ter muita atenção à alteração do espaço Schengen.

Ao Diário Económico explicou ainda "que a revisão do tratado pode colocar em causa o princípio da liberdade de circulação".

"A posição portuguesa deve ser a de defender tanto quanto possível a manutenção das regras deste espaço, mas não sem deixar de ter em conta as preocupações de segurança dos parceiros europeus", sublinhou.

Ainda sobre as acusações que têm surgido na imprensa internacional, determinando que estes ataques terão sido perpetrados pelos refugiados que fugiram da Síria e agora estão a entrar na Europa, Seixas da Costa assegurou que "a Europa já estava à espera de um pretexto para acusar os refugiados de ameaça de segurança".

Contudo, isso "não minimiza a responsabilidade de sermos acolhedores para quem procura a Europa para fugir a estes terroristas". "É um pouco obsceno apontar para duas ou três pessoas e generalizar a atitude destes indivíduos para todos os que chegam", afirmou.

"Se França não consegue distinguir entre os seus cidadãos, que são os principais terroristas, mais difícil será ainda fazer a distinção entre os refugiados. Há que olhar para a questão do terrorismo de modo responsável, mas de tal maneira que não coloque em causa as nossas liberdades", terminou.

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