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Fernando Lima diz que foi Cavaco o autor da "inventona das escutas"

O ex-primeiro-ministro José Sócrates considera que o livro de Fernando Lima, ex-assessor de Cavaco Silva, revela que foi o anterior Presidente da República a organizar a "inventona das escutas", em 2009, com a cumplicidade de um jornalista do Público.

Fernando Lima diz que foi Cavaco o autor da "inventona das escutas"
Notícias ao Minuto

12:23 - 16/09/16 por Lusa

País Sócrates

"Fernando Lima, o que diz neste livro é que quem preparou, concebeu e tentou executar uma conspiração - baseada em nada - contra o governo de então foi o Presidente da República Cavaco Silva", disse Sócrates numa entrevista à estação de rádio TSF transmitida hoje.

Sócrates referiu-se ao caso da polémica provocada pela notícia editada pelo jornal Público, em 2009, sobre a alegada vigilância sobre Belém executada pelo governo do PS para sublinhar que Fernando Lima confirma no livro "Na Sombra da Presidência" que atuou sob ordens superiores.

"'A verdade é esta', diz ele (Fernando Lima), 'eu agi sobre ordens superiores'. 'Eu fiz aquilo que me mandaram'. Isto é: foi ter com um jornalista, inventou uma história, segundo a qual estava a ser vigiado. O jornalista foi cúmplice dessa 'inventona' das escutas e fizeram disso um objetivo político", disse Sócrates, considerando que se tratou de uma tentativa para prejudicar o governo do PS em ano de eleições.

"Entre o Presidente da República e os jornalistas decidiram construir essa história com o objetivo de prejudicar-me, a mim pessoalmente, e impedir-me de ganhar as eleições, que acabei por ganhar em 2009", acrescenta Sócrates.

"O Presidente da República, Cavaco Silva organizou, planeou uma 'inventona' contra um governo com vista a prejudicá-lo e a deitá-lo abaixo a poucos meses das eleições, isto é o que se retira do livro", frisa o ex-primeiro-ministro do PS quando questionado sobre as memórias de Fernando Lima.

No livro "Na Sombra da Presidência -- Relato de 10 Anos em Belém", Fernando Lima refere não fez nada à revelia da hierarquia no que diz respeito ao caso sobre a vigilância noticiada pelo Público em 2009.

"Quando um certo dia, dei conta, a um jornalista do Público, da estranheza, na Presidência, sobre a presença de um adjunto do primeiro-ministro na comitiva de Cavaco Silva que se deslocou à Madeira, foi porque recebi uma indicação superior para o fazer" (página 146), recorda Lima no livro.

"Não fiz nada à revelia da minha hierarquia como nunca o fizera ao longo da minha vida na relação que, por dever de funções, mantinha com a comunicação social. O assunto era demasiado delicado para que eu avançasse sem mais nem menos", acrescenta Fernando Lima.

Sobre o mesmo assunto, Lima escreve ainda que na conversa com o jornalista do Público, "igual a tantas outras" que tivera no âmbito das funções que desempenhava, fez-lhe ver que, "por se tratar de uma situação inusitada que intrigara a comitiva que acompanhara o Presidente, tinha significado político.

A correspondência eletrónica do jornalista do Público foi publicada pelo Diário de Notícias a 18 de setembro de 2009 e três dias depois Fernando Lima era afastado da assessoria por Cavaco Silva.

No período que antecede este caso, Fernando Lima fala ainda da ação da "central de intoxicação socrática" em outras situações, sublinhando que aos socialistas não interessava "um poder forte em Belém e, muito menos, um Presidente que quisesse passar por impoluto".

Sobre as acusações de Lima publicadas no livro sobre o governo do PS, Sócrates recorreu à ironia.

"Talvez para manter alguma lucidez nisto possamos recorrer à ironia. Afinal de contas perguntarmos o que seis anos de sótão podem fazer à imaginação de um homem", disse Sócrates referindo-se ao período em que Fernando Lima permaneceu afastado das funções que exercia inicialmente na Presidência da República.

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