Alguns hipermercados já "substituíram" poluente HFC nos frigoríficos
O presidente da Zero afirmou hoje que alguns hipermercados portugueses, em Matosinhos, Coimbra e Braga, já substituíram os gases poluentes dos equipamentos de refrigeração por substâncias menos agressivas para o clima, seguindo regras europeias já adotadas em Portugal.
© iStock
País Francisco Ferreira
"Temos já em Matosinhos, Coimbra ou Braga, nomeadamente, exemplos de hipermercados onde esta substituição já ocorreu", disse Francisco Ferreira à agência Lusa, acrescentando que "isso vai acontecer também em outros hipermercados, como [alguns] em Lisboa".
"Diria que já vamos em mais de uma dezena de unidades que estão nesta reconversão, entre as várias grandes empresas de distribuição" em Portugal, realçou o presidente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável.
Representantes de quase 200 países conseguiram hoje no Ruanda, um acordo, no âmbito do protocolo de Montreal, para uma redução progressiva dos gases de efeito estufa usados em frigoríficos e ares condicionados, os hidrofluorcarbonetos (HFC), com efeitos mais graves que o dióxido de carbono (CO2) no aumento da temperatura do planeta.
A Zero está envolvida num projeto com uma entidade internacional, a Agência de Investigação Ambiental (EIA, na sigla em inglês) e está a acompanhar "um setor importantíssimo no uso de refrigerantes que são os super e hipermercados".
Em Portugal, "temos vindo a falar com as diferentes empresas de distribuição, e já estão a ser implementadas soluções em que estes gases estão a ser completamente retirados do sistema", utilizando alternativas naturais, os chamados refrigerantes naturais, como a amónia e o dióxido de carbono, explicou Francisco Ferreira.
Trata-se de substituir os HFC nos equipamentos, quer para o frio de congelação, abaixo dos zero graus, quer para o frio acima dos zero graus, já que aquela substância, quando libertada na atmosfera, tem um efeito muito mais grave que o dióxido de carbono.
Francisco Ferreira adiantou que "é mais difícil fazer [esta mudança] em unidades mais pequenas", como os supermercados, e em alguns casos utilizam-se substâncias intermédias.
A transformação para responder às exigências do regulamento europeu "significa [um investimento de] milhões de euros da parte das empresas de distribuição", referiu.
As tecnologias relacionadas com estas alterações, apontou o especialista, "têm sido mais difíceis de desenvolver e de aplicar em países da Europa do Sul", devido às temperaturas mais elevadas registadas no verão.
Todas estas regras estipuladas na regulamentação existente em Portugal referem-se somente aos aparelhos de refrigeração, já que os sistemas de ar condicionado serão abrangidos numa segunda fase.
O projeto da EIA pretende sensibilizar os grupos de distribuição e cadeias de supermercados para a necessidade de concretizar a transição nos equipamentos de refrigeração de alimentos, passando a usar substâncias naturais e retirando os HFC do circuito.
Em Portugal, segundo Francisco Ferreira, os HFC representam cerca de 3% do total das emissões, o que "não é um valor muito levado, mas é problemático porque não tem parado de crescer e estão associadas a uma série de eletrodomésticos".
"Se não tivermos a recolha e o processamento adequado para os gases que estão nos equipamentos, isso fará toda a diferença", afirmou.
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