Direita que ganhou eleições na Holanda "portou-se como extrema-direita"
O antigo primeiro-ministro José Sócrates sublinhou hoje, em Coimbra, que não foi preciso a extrema-direita ganhar as eleições holandesas, porque "a direita que ganhou portou-se como uma extrema-direita".
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País Sócrates
"Depois das eleições na Holanda, parece que houve um descanso" por o populismo não ter ganhado, disse José Sócrates, criticando essa visão.
Para o antigo primeiro-ministro, "a extrema-direita não ganhou na Holanda", porque "a direita que ganhou portou-se como uma extrema-direita".
"O que eu vi foi um Governo holandês, um país que estávamos habituados a olhar como sendo um país da tolerância, um país da liberdade, que recusou a entrada de ministros turcos que iam lá fazer campanha junto das suas comunidades", afirmou o antigo governante, que discursava no painel "Haverá uma política apartidária", integrado no primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia, que decorre na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
As eleições de quarta-feira na Holanda ditaram a vitória dos liberais do VVD, do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, com 33 deputados, enquanto o Partido da Liberdade (PVV), de Geert Wilders -- extrema-direita -, ficou na segunda posição, com 20 deputados (13% dos votos), quando nas últimas eleições tinha conquistado 15 assentos parlamentares.
Os liberais do VVD foram a formação mais votada (21% dos votos) e o seu líder, Mark Rutte, terá prioridade para tentar formar Governo, embora tenha perdido oito deputados face às eleições de 2012.
Durante o período de perguntas e respostas, José Sócrates afirmou também que "ganhou a extrema-direita nos Estados Unidos".
"Custa dizer, é difícil de aceitar, mas a verdade é essa", notou.
Apesar de também ver traços da campanha de Trump na campanha pelo 'Brexit', no Reino Unido, o antigo líder socialista sublinhou que a grande motivação dos ingleses para saírem da União Europeia está mais centrada numa visão contra uma Europa "governada por funcionários" e, em especial, por "funcionários alemães".
Num discurso centrado na "deriva tecnocrática" da Europa, José Sócrates alertou para os perigos que residem numa governação feita por técnicos.
O domínio da razão técnica e da razão burocrática "é a negação da política", vincou, referindo que a ideia de que "os técnicos esclarecidos decidirão melhor do que o povo é uma convicção profundamente antidemocrática".
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