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Mãe de vítima da Baleia Azul: "Eu falhei"

Aquela que foi a primeira vítima, pelo menos conhecida, do fatídico jogo com origem na Rússia aceitou falar com a RTP sobre o sucedido. Também hoje, o programa 'Sexta às 9' revelou que já há uma vítima mortal confirmada na sequência deste jogo.

Mãe de vítima da Baleia Azul: "Eu falhei"
Notícias ao Minuto

22:52 - 19/05/17 por Patrícia Martins Carvalho

País Testemunhos

Irina Kornutyi tem 18 anos e, a 27 de abril, quis por termo à sua vida. A razão? “Sentia-me sozinha, parecia que não tinha ninguém para conversar”, contou a jovem à RTP, cujas declarações foram transmitidas no programa ‘Sexta às 9’.

Por pensar que “estava sozinha” e porque já tinha ouvido falar no jogo Baleia Azul decidiu ir em busca do desafio. Procurou no Facebook, mas não encontrou nenhum curador. Fez uma nova pesquisa e chegou à rede social russa Vkontakte, uma espécie de Facebook, que tem 35 milhões de utilizadores.

Irina tinha encontrado um curador que lhe dizia quais os desafios a levar a cabo, mas a jovem garante que não o conhece, pois ele “não mostra a cara”. A única coisa que sabe a seu respeito é que é “brasileiro”.

A Baleia Azul é um jogo com 50 desafios, sendo que o último é o suicídio. Irina levou a cabo três em apenas dois dias: escreveu um ‘sim’ na perna para demonstrar que é de “confiança”, fez o F57 na palma da mão e viu um filme de terror às 04h20.

A adolescente diz que não sabe como aconteceu, mas o curador descobriu todos os seus contactos, inclusivamente a morada e o nome dos pais. “Ameaçou-me e deu-me duas opções: ou continuava o jogo ou saltava de um prédio”.

Irina saltou de um viaduto em Albufeira para a linha do comboio. Felizmente não sofreu ferimentos graves e foi encontrada antes que um comboio a trucidasse. Decidi acabar com a minha vida porque tinha a auto-estima em baixo e tinha muitas discussões com a minha mãe, todos os dias. Isolei-me e pensei que tinha perdido os meus amigos para sempre

A mãe, Olena Kornutyi, confirmou o isolamento da filha, mas nunca pensou que fosse tão desesperante. Face às acusações de Irina, relativamente à falta de atenção, Olena admite perante as câmaras da RTP: “Ela tem razão. Toda a minha atenção ia para os [irmãos] mais novos. Eu falhei”.

Aos restantes pais, a jovem deixa um conselho com as lágrimas nos olhos: “Aconselhava a darem mais atenção aos filhos porque na altura eu estava carente. Perguntem se está tudo bem, deem um beijinho todas as noites. Era isso que me fazia falta”.

Perante este testemunho, a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos diz que se trata de um “ato de solidariedade para com os outros jovens que ela imagina que podem cair na mesma situação que ela”.

Além de ser uma ação solidária, a especialista diz ainda que “quando as pessoas estão ressentidas e e desesperadas uma das melhores coisas que lhes pode acontecer é elas, pelas suas atitudes, repararem o mal das coisas e sentir que estão a fazer algo de bom para os outros”.

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