O tamanho importa (mesmo) e o Fonte Nova é a prova disso
O Fonte Nova assume-se como um centro comercial de proximidade e é isso que lhe permite continuar a captar clientes no ano do seu 32.º aniversário e a continuar a ser visto como uma referência na zona de Benfica e Lisboa.
© Divulgação
País Centro Comercial
Fundado a 2 de março de 1985, o Centro Comercial Fonte Nova tornou-se num dos pequenos centros comerciais mais queridos dos lisboetas.
Localizado na zona de Benfica, a poucos metros do gigante Centro Comercial Colombo, o Fonte Nova não sofreu um impacto negativo tão grande com o aparecimento do grande concorrente como seria expectável, pois “havia público para os dois espaços”.
“Não se pode dizer que se tenha ressentido com a abertura do Colombo porque depois disso esteve vários anos a crescer”, diz ao Notícias ao Minuto Helda Silva, diretora do Centro Comercial Fonte Nova, que no ano passado terminou um grande processo de remodelação.
No total, foram dois milhões de euros investidos no “reforço do conforto e na captação de um público mais jovem”.
Este conforto, explica a responsável que está à frente da direção do centro comercial há 18 anos, prendeu-se essencialmente com a colocação em funcionamento do parque de estacionamento subterrâneo. Mas não só. A abertura do ginásio Fitness Hut na zona onde até aqui funcionavam os cinemas foi outro polo de atração para um público mais jovem, bem como a remodelação ao nível da restauração. Agora há uma zona dedicada a esta área, algo que até aqui não existia.
Mas, afinal, o que tem o Fonte Nova de diferente para conseguir fazer frente a mega centros comerciais? A resposta é simples: “A antiguidade faz com que tenha características um bocadinho diferentes dos centros comerciais mais recentes. Existem ligações emocionais entre os clientes e o espaço e essa é a grande diferença”, faz notar.
Os clientes, refere, podem dividir-se em dois tipos: o que habita naquela zona e o que trabalha nas imediações do centro comercial. E o que a direção do Fonte Nova teve como preocupação foi “redirecionar-se para a proximidade”, afinal “já lá vai o tempo em que a oferta era muito menor ao nível dos centros comerciais, em que as pessoas se deslocavam de fora de Lisboa para ir ao Fonte Nova”.
Assim, com o foco no cliente que mora ou trabalha nas imediações, que tem mais de 30 anos e é de classe média/alta a estratégia passou por fornecer aquilo que este cliente procura: “segurança, conforto e rapidez”.
No Fonte Nova as pessoas podem ter quase tudo, podem satisfazer muitas das suas necessidades de consumo num espaço que é seguro, é confortável e onde conseguem fazer as suas compras rapidamente. Hoje em dia o tempo é um fator muito importante. É muito mais rápido entrar no Fonte Nova para ir ao supermercado ou para comprar uma prenda do que num centro comercial de maiores dimensõesHelda Silva admite que difíceis foram os anos da crise, altura em que o Fonte Nova se ressentiu, pois a “oferta [de centros comerciais] era exagerada e a disponibilidade financeira dos clientes foi reduzida substancialmente”.
Atualmente, o Fonte Nova apresenta uma “taxa de ocupação a bater nos 100%”, havendo apenas um espaço que não tem operador. Trata-se de um “quiosque na zona da restauração” que é muito diminuto e é “muito solicitado para cafetaria”. “Mas não é exatamente isso que temos em mente. Consideramos que é uma oferta que já existe”, concretiza.
Apesar de o número de lojas ter sido reduzido – já teve 98 e agora tem 67 – Helda Silva explica que esta redução se deve à modernização das lojas, pois quando o Fonte Nova foi construído o “conceito de loja era o de uma loja pequena” e agora já não é assim.
Além da presença de antigos operadores, como é o caso do Pingo Doce que ocupa agora uma área de cerca de mil metros quadrados, foram feitas novas parcerias. Atualmente, o Fonte Nova tem novas lojas como é o caso da Padaria Portuguesa, da Well’s ou da Note. Somando tudo isto ao Fitness Hut e ao parque de estacionamento estão reunidas as condições para um contínuo crescimento do centro comercial, que já leva, este ano, em termo de tráfego, um aumento de 15% face a 2016, fechando 2017 com 3.100.000 visitantes.
Centros comerciais. Uma moda que passa de moda?
Helda Silva considera que os “centros comerciais com as características do Fonte Nova continuam a ter lugar”, desconfiando, até, de que possa haver um “regresso ao passado a estes locais mais pequenos e de proximidade”.
Não obstante, a responsável admite que “continua, claramente, a existir espaço para os mega centros”, pese embora tenha dúvidas quanto à sobrevivência dos chamados médios centros comerciais, que são aqueles espaços comerciais que têm até um máximo de 200 lojas.
Porquê? “Porque não têm a capacidade que os mega centros comerciais têm, mas também não são suficientemente pequenos para serem olhados pelo cliente como um centro de proximidade”.
Helda Silva entende ser positivo o “travão” que foi colocado à construção de grandes centros comerciais em Lisboa, pois “já deveria ter existido um bocadinho antes”.
E embora esteja sempre na moda ir a um centro comercial fazer compras, a verdade é que estes espaços estão a perder clientes no segmento noturno. Por outras palavras, “os centros comerciais são cada vez mais olhados apenas como espaços para satisfazer necessidades de consumo”. De lazer também, sublinha, mas é um lazer que é “efetivamente oferecido”. “Já não se vai a um centro comercial pelo passeio. À noite nem os grandes centros comerciais conseguem captar o público que captavam há uns anos. A verdade é que as coisas passam por um processo de moda”, remata.
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