CDS quer audição de Centeno após discussão de novas regras de nomeação
O CDS-PP requereu hoje que a audição parlamentar de Mário Centeno, obrigatória antes de ser nomeado governador do Banco de Portugal, só decorra após o final do processo legislativo sobre as novas regras para o banco central.
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Política Cecília Meireles
Em declarações aos jornalistas no parlamento, a deputada Cecília Meireles salientou que foi aprovado, na generalidade, um projeto-lei do PAN que determina novas regras e incompatibilidades na nomeação do governador do Banco de Portugal, considerando que faz "todo o sentido que se perceba primeiro a vontade política do parlamento".
"O CDS requereu hoje que esta audição de Mário Centeno, que é imprescindível para a nomeação, seja feita após a conclusão deste processo legislativo", anunciou.
A deputada do CDS defendeu que esse adiamento será também importante para perceber uma eventual mudança de posição de partidos como BE e PSD em relação à votação feita na generalidade.
"Até para a política se dar ao respeito, era fundamental que todos os partidos pusessem as cartas na mesa. Se não vai haver mudança de regras, então acabe-se com o processo legislativo e percebe-se que o parlamento não quer mudar regras nenhumas", salientou.
A deputada defendeu que, mesmo com o pedido de adiamento de quatro semanas pedido pelo Banco Central Europeu para emitir um parecer sobre a iniciativa do PAN, é possível que todo o processo se conclua antes do final da sessão legislativa.
"Se há coisa que tem posto em causa a confiança das pessoas nas instituições é a forma como os problemas na banca têm sido resolvidos. Esta é a altura de virar a página, é incompreensível a forma como esta nomeação está a ser feita, tudo menos consensual e serena", criticou.
Cecília Meireles apontou, por outro lado, que "o BE já não é a favor da norma de incompatibilidade" - prevista no projeto do PAN entre o cargo de ministro e de governador - e o PSD "que era a favor que o processo terminasse antes da nomeação, também já não é".
"O Governo quer correr para nomear antes de haver novas regras e alguns partidos acham que isso é uma forma natural de o Governo lidar com o parlamento. Eu acho que isso quer dizer que nem o Governo nem o parlamento se estão a dar ao respeito", afirmou.
Caso o requerimento do CDS-PP seja 'chumbado' e Centeno seja nomeado antes de concluído o processo legislativo em curso, a deputada do CDS-PP considerou que se poderá concluir que o parlamento fez uma "encenação".
"Este espetáculo de o Governo tentar nomear antes que o parlamento consiga decidir, ou alguns partidos dizerem que discordam, mas querem discordar sem impedir, é um espetáculo que não dignifica ninguém", disse.
Cecília Meireles salientou que a nomeação em causa é "para os próximos cinco anos e não para os próximos cinco meses", considerando que seria mais sensato adiá-la por apenas quatro semanas.
Quanto à forma como o primeiro-ministro, António Costa, informou os partidos da sua escolha - via telefone -, a deputada limitou-se a dizer que o presidente do CDS-PP foi informado e que a posição do partido sobre uma possível escolha de Mário Centeno também já era conhecida.
O primeiro-ministro escreveu na quinta-feira ao presidente da Assembleia da República a comunicar a proposta do Governo para nomear o ex-ministro das Finanças Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal.
"É intenção do Governo, na sequência de proposta do senhor ministro de Estado e das Finanças [João Leão], designar o professor doutor Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal", lê-se na missiva enviada por António Costa a Ferro Rodrigues.
Na mesma carta, o primeiro-ministro pede depois que "seja requerida a audição do indigitado na comissão parlamentar competente, nos termos do disposto na lei orgânica do Banco de Portugal".
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