Portugueses "julgarão com severidade" quem virar as costas ao futuro
O presidente do PS considerou esta segunda-feira que o Governo não pode ficar dependente "de humores acidentais", defendeu que pedir estabilidade não é arrogância ou chantagem e advertiu que os portugueses "julgarão com severidade" quem virar as costas.
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Política Carlos César
Estas posições foram transmitidas por Carlos César no encerramento da Conferência Nacional do PS, que decorreu em Coimbra, num discurso em que também salientou que o executivo "não pode falhar" na boa utilização dos fundos europeus.
"É uma oportunidade única em que o Governo não pode falhar", vincou, antes de se referir às condições para a estabilidade política em Portugal - um conjunto de recados sobretudo dirigidos aos "parceiros estratégicos à esquerda" dos socialistas.
Na parte final do seu discurso, o presidente do PS procurou descrever o que poderá acontecer no país num cenário de crise política.
"O país, as nossas empresas mais estratégicas e as famílias sofrerão com os adiamentos, com as indefinições e com os sobressaltos de uma situação incerta. Os portugueses e as portuguesas terão certamente razões para julgar com severidade os que virarem as costas ao futuro. O PS está aqui - aqui ninguém de demitiu de procurar de cuidar do futuro", sustentou.
Na sua intervenção, Carlos César começou por defender que o PS, para ultrapassar a atual crise, deve reclamar o contributo em geral de todos os partidos e dos parceiros sociais, mas frisou que a opção "inequívoca" dos socialistas é a de trabalhar com os parceiros à sua esquerda no parlamento.
"As tarefas que temos à nossa frente não são compatíveis com a recusa em estar na linha da frente, nem de nos subordinarmos a calculismos eleitoralistas de ocasião. O PS não se demite. O PS não se demitirá de cumprir agora e no futuro as suas obrigações", disse.
Porém, o presidente do PS foi bem mais longe nos avisos, partindo para o efeito das ideias de que a pandemia da covid-19 mudou muito em pouco tempo em Portugal e que os acordos orçamentais de ano a ano são insuficientes do ponto de vista da necessária estabilidade política.
"O que está em causa é demasiado prolongado para pensar apenas ano a ano. O que está em causa exige a mobilização da confiança para além do curto prazo, exige muito diálogo, e exige vontade política antes e compromissos em concreto para depois. Neste tempo decisivo, o Governo não pode depender de humores acidentais", advertiu.
Neste ponto, o ex-líder da bancada socialista reagiu também às críticas do Bloco de Esquerda e do PCP em relação às posições assumidas por António Costa em recente entrevista ao semanário Expresso, na qual alertou para a eventualidade de uma crise política caso não haja acordo em torno do Orçamento do Estado para 2021.
"Não vejo chantagens ou arrogância nesses apelos [de António Costa para a estabilidade]. Vejo humildade e uma grande consciência do interesse nacional", contrapôs Carlos César, recebendo então uma salva de palmas.
Perante uma plateia de dirigentes socialistas, o presidente do PS insistiu no argumento de que crise pandémica da covid-19 "trouxe outra consciência sobre a absoluta necessidade de uma confluência que assegure sem mais demoras um Governo com uma orientação estável e um programa de recuperação com o fôlego e o sentido de médio prazo".
"Não se pode acrescentar às incertezas da evolução económica nacional e internacional a incerteza sobre estabilidade política, seja daqui a três meses, seja daqui a um ano. Daí, o apelo do PS a uma confluência para que, de uma vez por todas, transmita visibilidade e segurança no horizonte. Os portugueses reclamam essa manifestação de confiança prolongada e para o futuro", acrescentou.
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