Carros para a TAP? Não é mais um "casinho", mas uma questão de "respeito"
O antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, defende que não se pode "fazer de conta que nada se passa" e que é necessário dar respostas aos cidadãos já que é "dinheiro público" que está em causa.
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Política Adalberto Campos Fernandes
O antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considera que o caso da compra de dezenas de BMW pela TAP não é um "casinho" nem um "fait-divers", mas sim "um exercício de respeito pelo esforço fiscal dos cidadãos".
"A questão das viaturas de serviço para utilização pela administração e quadros da TAP não é um “casinho” nem um fait-divers. Muito menos uma crítica “populista” baseada no argumento de que as empresas intervencionadas, pelos contribuintes, não deixam de operar em ambiente concorrencial ou de mercado", começou por defender o antigo governante, numa publicação partilhada no Facebook.
O socialista coloca-se do lado dos críticos - que têm apontado que a renovação da frota automóvel da TAP é ética e moralmente condenável - e avisa o próprio partido de que "se continuarmos a fazer de conta que nada se passa", "não nos poderemos lamentar no futuro" quanto ao "desencanto dos eleitores".
"Trata-se [...] de um exercício de respeito pelo esforço fiscal dos cidadãos. Respeito que é devido durante todo o tempo em que o dinheiro público está em causa. Se continuarmos a fazer de conta que nada se passa e insistirmos em classificar de “casos e casinhos” comportamentos e atitudes erradas não nos poderemos lamentar no futuro. Sobretudo quando o desencanto dos eleitores se converter num crescente apoio ao radicalismo. Escusado será imaginar “cordões sanitários” políticos estigmatizando grupos de cidadãos eleitores. O que importa mesmo é dar-lhes as respostas necessárias no quadro da democracia e dos seus valores", escreveu ainda o médico.
A reação de Adalberto Campos Fernandes à polémica que envolve a renovação da frota de automóveis da TAP com modelos da marca BMW e cujos preços começam entre os 52 e dos 65 mil euros, surge após várias críticas de sindicatos e partidos.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) defendeu que a renovação da frota automóvel da TAP é ética e moralmente condenável, considerando que se não for sinal de disponibilidade para subir ordenados aos tripulantes é um ato de gestão "vergonhoso".
Já o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) sugeriu à TAP a mesma lógica de "gastar-mais, para poupar", com que a companhia se defendeu sobre a renovação da frota automóvel corporativa, para a reposição das condições laborais dos trabalhadores.
Por sua vez, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou à companhia aérea portuguesa "um problema de bom-senso", defendendo contenção em tempos difíceis.
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