"Ministério Público merece palavra forte de censura e de crítica"
Marques Mendes criticou a lentidão do processo Tutti Frutti e atacou ainda Marcelo e o Governo, pela escolha em afastar Joana Marques Vidal.
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Política Marques Mendes
Luís Marques Mendes não se poupou nas palavras e, este domingo, criticou duramente a atuação do Ministério Público no âmbito do processo Tutti Frutti, considerando que este merece "uma palavra forte de censura e de crítica" pela longa investigação sobre os quais se souberam mais contornos nos últimos dias.
No seu habitual espaço de comentário na SIC, aos domingos à noite, o antigo líder social-democrata lamentou que, ao fim de sete anos, "ainda não há ninguém constituído arguido, os suspeitos ainda não foram ouvidos, não há nenhuma acusação e também não há nenhum arquivamento". "Ao fim de sete anos, isto está no mesmo ponto? Não é nada de inédito, mas é grave, não podemos normalizar estas situações", afirmou.
Marques Mendes alertou ainda que a justiça portuguesa está "em vias de ter um novo megaprocesso", questionando se "não aprendemos nada com os megaprocessos anteriores?".
De recordar que o processo Tutti Frutti já leva sete anos de investigação, e está centrado no envolvimento de algumas figuras do Partido Socialista e do PSD na Câmara Municipal de Lisboa, desde pelo menos 2017. Em causa estão alegados acordos políticos, suspeitas de corrupção, tráfico de influências, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Esta terça-feira, uma reportagem da TVI/CNN denunciou uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, algo que Marques Mendes comentou ser "absolutamente inadmissível". "O Ministério Público não constituiu arguidos, não deduz nenhuma acusação, mas ele ou a Polícia Judiciária passam estes dados todos a um órgão de comunicação social. A preocupação deles é condicionar ou tomar uma decisão?", perguntou.
O antigo presidente do PSD deixou ainda críticas ao Presidente da República e ao Governo, recordando a substituição de Joana Marques Vidal por Lucília Gago, na Procuradoria-Geral da República (uma nomeação que, após cinco anos, continua a alvo de críticas na justiça).
"Foi para isto que o Presidente e o Governo substituíram Joana Marques Vidal? Foi para isto, para dar a uma nova procuradora que não tem iniciativa, não tem personalidade? Se foi para isto, foi para dar um tiro no pé. Isto é um desastre", atirou.
"É o lado mais negro do chamado bloco central"
Marques Mendes também abordou o plano político do processo, defendendo que as alegadas suspeitas de trocas de favores entre os dois partidos é um reflexo do "pior lado dos partidos políticos, sobretudo do PS e do PSD, que é o lado do aparelho e das negociatas".
"A situação é politicamente grave. Há quem diga que não é crime. Mas se não for crime, em termos de gravidade, é igual, porque isto é promiscuidade, é compadrio, é na prática corrupção política e democrática. É o lado mais negro do chamado bloco central de interesses", disse o comentador.
Luís Marques Mendes não espera, no entanto, que a situação fique por aqui, acreditando que "a procissão ainda está no adro" e apelando a "alguma atitude nos próximos dias dos líderes do PS e dos líderes do PSD".
"Não chega dizer 'isto agora é da justiça'. Há aqui a parte política. PS e PSD têm de ter uma palavra. Nós já sabemos que António Costa não é muito sensível ao lado ético da política - como se vê na governação, empurra sempre com a barriga. Agora, acho que há-de chegar o momento em que vai ter de se pronunciar sobre isso", explicou, referindo ainda que Luís Montenegro tem "uma oportunidade de ouro de fazer uma limpeza política, que é absolutamente indispensável, para recuperar credibilidade nesta área política de Lisboa".
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