"Melhor discurso até hoje". Montenegro "vestiu fato de primeiro-ministro"
No seu espaço de comentário, este domingo, Marques Mendes falou sobre o 41.ª Congresso do PSD, que decorreu em Almada, mas abordou também a demissão de António Costa e a polémica em torno da ida da procuradora-geral da República a Belém.
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Política Marques Mendes
Luís Marques Mendes, antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), afirmou, este domingo, que o 41.ª Congresso do partido "correu bem" e considerou que o discurso de encerramento de Luís Montenegro foi "o melhor" que o atual presidente social-democrata já "fez até hoje".
No seu habitual espaço de comentário, na SIC, Marques Mendes começou por dizer que "foi um bom congresso" e um "bom momento para o PSD". "Correu bem, houve de tudo um pouco", afirmou.
"Primeiro, porque houve uma coisa: efeito surpresa. Havia muito baixas expectativas e, no final, houve o efeito surpresa. Cavaco Silva, sobretudo. Também Manuela Ferreira Leite, também Leonor Beleza. Mas, sobretudo, Cavaco Silva", destacou, lembrando que o antigo Presidente da República não ia há quase 30 anos a um congresso e "é uma grande referência para grandes setores de eleitorado português".
Além disso, notou, houve também "o efeito unidade", que na opinião do social-democrata se traduziu na "intervenção muito marcante" de Nuno Morais Sarmento, "um dos importantes vice-presidentes de Rui Rio, ou seja, de um consulado anterior" e que é umas das pessoas "que pensa politicamente melhor dentro no PSD".
"E, depois, o efeito mais importante foi o discurso final de Luís Montenegro", declarou. "Acho que o discurso final é o melhor discurso que Luís Montenegro fez até hoje. Nunca vi fazer um discurso tão bom", considerou, referindo que foi um "discurso marcante" porque o líder do PSD vestiu "o fato de candidato a sério a primeiro-ministro", abandonando o "discurso do líder da oposição tradicional".
"Já é um candidato a primeiro-ministro que se apresenta como alternativa, que se apresenta com ambição e que tem propostas, tem ideias, tem um pensamento estruturado e é capaz de mobilizar. Porque conseguiu mobilizar internamente, mas também o país", disse, destacando que o discurso de Montenegro gerou comentários da direita à esquerda e que "toda a gente está a discutir as propostas que fez em relação ao completo solidário de idosos para os reformados, aumentar as pensões de reforma".
Para Marques Mendes, "a melhor coisa que um politico pode ter é estar no centro e ser comentado".
Além disso, o antigo líder do PSD considerou que este é o "discurso correto", por ser um "discurso ao centro, moderado, equilibrado", aproveitando a circunstância de Pedro Nuno Santos poder vir a assumir a liderança do Partido Socialista (PS) e encostado os socialistas "mais à esquerda", "para tomar conta do eleitorado moderado do centro".
Para rematar, notou, o "ponto mais importante" é que "se tratou de um discurso com forte conteúdo social". "E essa é a parte que eu aprecio muitíssimo. Até que enfim o PSD tem um discurso ousado, ambicioso, no domínio social", completou.
"Se o primeiro-ministro não desmente essa informação, é porque indiretamente está a confirmá-la"
As tensões vividas na última semana, nomeadamente a polémica gerada em torno da ida da procuradora-geral da República a Belém, também foram alvo do comentário de Marques Mendes, que considerou que saber quem chamou Lucília Gago "é acessório" e "ruído".
"Se o primeiro-ministro não desmente essa informação, é porque indiretamente está a confirmá-la", disse. No entanto, o comentador notou que a questão essencial é se, "naquele dia de crise política", a procuradora-geral da República "devia ou não devia ter ido a Belém".
"Acho que Presidente da República fez bem em chama-la, seja o primeiro-ministro a pedir ou não pedir. Porquê? Porque numa crise desta natureza, tão delicada e tão séria, como a crise que tivemos nesse dia, um Presidente não pode tomar decisões apenas com base nas notícias de jornais e com base num comunicado, tem de ter a confirmação dos dados pelas vias oficias", disse, acrescentando ainda que entende que o conselheiro de Estado António Lobo Xavier "não violou coisíssima nenhuma".
Demissão? "O primeiro-ministro está arrependido"
Já sobre a demissão de António Costa e sobre o facto de Ferro Rodrigues ter afirmado que foi uma decisão precipitada, Marques Mendes considerou que Costa está "arrependido". "Acho, não posso provar o que vou dizer, que o primeiro-ministro está arrependido", afirmou.
Contudo, entende que o agora primeiro-ministro demissionário teria de sair de qualquer forma.
"Mesmo que não tivesse havido aquele polémico parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República, eu acho que o primeiro-ministro tinha de sair à mesma, não tinha condições para continuar. Tudo à volta dele era politicamente para o matar", atirou.
"Ou seja, um ministro sob suspeita, o maior amigo, que depois passou a ex-melhor amigo sob suspeita, buscas em São Bento, o chefe de gabinete, para além de suspeita, com milhares de euros de dinheiro sujo – não declarado é dinheiro sujo – escondido em São Bento, no centro do Governo. Com tudo isto, o primeiro-ministro não tinha a menor das condições para continuar, mesmo que não tivesse havido o tal poético parágrafo", rematou.
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