A socialista Alexandra Leitão considerou, esta quinta-feira, que Pedro Nuno Santos "não será de todo" um 'príncipe herdeiro' de António Costa, destacando a "capacidade" e a "vontade de decidir" do novo secretário-geral como algo expectável neste novo ciclo do Partido Socialista (PS). 

Em entrevista na RTP, a ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, que coordenou a moção de Pedro Nuno Santos, começou por ser interrogada sobre o que traz esta nova etapa ao partido e ao país, também numa referência ao que foi dito pelo novo secretário-geral socialista no 24.º Congresso Nacional do PS, que decorreu no fim de semana.

"No fundo, aquilo que eu acho que se fez no ultimo Congresso, foi aquilo a que podemos chamar uma vontade de renovação, um virar de página para uma nova fase do Partido Socialista, sem que isso tenha em momento algum enjeitado, ou sequer ter posto em causa, o legado destes oito anos", notou.

"Há um novo ciclo, há um novo líder do Partido Socialista, um novo secretário-geral. Com ele, obviamente, vem uma nova forma de fazer as coisas, algumas ideias diferentes, outras em muitas de continuidade, uma nova geração também, e tudo isso vai implicar um novo ciclo", especificou.

Questionada sobre se a rapidez de decisão pode distinguir este novo tempo do anterior, a deputada rejeitou considerações sobre o antigo líder, mas destacou que isso "é algo expectável deste novo ciclo".

"Em geral, quem lidera projetos, tem de fazer um exercício difícil, muitas vezes, entre a ponderação necessária, o estudo necessário, o aconselhar, com peritos que é sempre necessário, e depois o momento da decisão", afirmou.

"Os políticos devem ouvir os peritos nas varias áreas, mas depois devem ser eles a decidir, ponderando princípios, ponderando interesses, e depois decidir. E às vezes decidir é mesmo muito difícil. Acho que é o que é expectável deste novo ciclo", frisou.

Na ótica da socialista, a capacidade de tomar decisões é "uma das características" de Pedro Nuno Santos. "Acho que é de facto uma uma das características da própria personalidade do novo secretário-geral do Partido Socialista, do Pedro Nuno Santos, essa capacidade e essa vontade de decidir", disse. "E isso acho que é importante num político, acho que é isso que as pessoas também esperam", confessou.

Para Alexandra Leitão, não se trata de uma distinção entre "pragmáticos, ideológicos, radicais e moderados", mas uma "distinção de perfis". "Uma das características de Pedro Nuno Santos tem a ver com essa capacidade de decisão e com essa vontade de fazer coisas e que, naturalmente, neste novo ciclo, acho que se vai fazer sentir", reforçou.

Confrontada com as declarações recentes de Paulo Pedroso, que afirmou que Pedro Nuno Santos não será apenas um 'príncipe herdeiro' de António Costa, a ex-ministra mostrou-se de acordo.

"Concordo que não será de todo, por perfil, por natureza e porque não é essa a matriz também do Partido Socialista. O Partido Socialista tem uma matriz também de renovação e deixar que os seus lideres sigam a sua vez, os seus caminhos", completou.

Recorde-se que Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral do PS nas eleições diretas internas de 15 e 16 de dezembro com 61% dos votos, enquanto José Luís Carneiro teve 37% e Daniel Adrião 1%. A candidatura do novo secretário-geral elegeu quase 70% dos cerca de 1.400 delegados ao Congresso.

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