"Montenegro tem de olhar o que correu mal e dizer: 'Vou fazer contrário'"
O antigo governante socialista Adalberto Campos Fernandes considerou que pode haver surpresas no que diz respeito a este Governo minoritário e que haverá uma "prova de fogo" não só para a Aliança Democrática como também para os líderes do Partido Socialista e do Chega, assim como para o Presidente da República.
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Política Adalberto Campos Fernandes
O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considerou, esta quinta-feira, que Portugal está "cansado" de eleições e de crises e há também muito desejo de "normalidade institucional".
"O primeiro-ministro foi indigitado ontem à noite. Não conhecemos ainda o programa do Governo – muito menos ainda a sua composição. Seria bom que todos os atores políticos se posicionassem tendo em conta aquilo que a normalidade institucional. Temos de esperar primeiro pela composição do Governo, pela sua posse, e depois pela apresentação do programa", referiu no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
Campos Fernandes apontou que seria apenas na altura de apresentação do programa, em abril, que os partidos terão legitimidade democrática "e uma maior possibilidade fazer juízo sobre aquilo que é o quadro de políticas que o Governo apresenta e a sua composição".
O antigo governante considerou que o primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, ‘ganhará’ perante um cenário em que reúna um conjunto de "personalidades de reconhecido valor na sociedade portuguesa, com biografia, currículo, com experiência, e não um Governo de pessoas de duvidosa competência".
"Diria quase que Luís Montenegro, nesta circunstância que tem pela frente, só tem de fazer o contrário daquilo que correu mal. É olhar para aquilo que correu mal e dizer: ‘Vou fazer o contrário’. Quer na composição do Governo, quer na ação política", afirmou o comentador, exemplificando antes com o caso de Paulo Macedo, responsável que, se for para o Executivo, não será ‘chumbado’ por qualquer questionário – referindo-se ao mecanismo com 36 perguntas criado pelo Executivo de António Costa, aquando as demissões que enfrentou na última legislatura.
Campos Fernandes sublinhou ainda que a iniciativa política não era "apenas distribuir dinheiro", mas sim ter uma iniciativa de qualidade. "É no quadro de negociações dos professores não se limitar pela questão remuneratória. É falar com os professores sobre aquilo que é o projeto de reforma do sistema educativo em Portugal", exemplificou.
Considerando que, na sua opinião, poderiam haver "surpresas" no que diz respeito a este governo minoritário "a quem todos predestinam uma duração curta", Campos Fernandes disse ainda que este Executivo terá com certeza tempo para uma eventual reforma estrutural, assim como "abertura".
Em relação ao apoio no Orçamento do Estado, Campos Fernandes considerou que será um "jogo a três" e que só aí se verá quem tem a vantagem neste "jogo" - se o Governo, se o Partido Socialista, se o Chega. "Em novembro, perante um Orçamento, é a hora da verdade. Vamos ver quem tem a vantagem do jogo. Porque já um jogo político que se vai estabelecer nessa altura. Os portugueses não querem mais eleições, querem estabilidade. Há aqui uma prova de fogo para o Presidente da República, para o líder da Aliança da Democrática, para o líder do PS e para o líder do Chega", comentou.
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