"PS começou muito mal porque juntou-se ao Chega para bloquear país"
O líder dos liberais falou sobre a falta de alinhamento com Luís Montenegro num eventual acordo de Governo, assim como nas últimas 48 horas, em que houve um impasse para a eleição do presidente da Assembleia da República.
© Amin Chaar / Global Imagens
Política Rui Rocha
O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, analisou o panorama político atual, que ‘arrancou’ numa nova legislatura com algumas dificuldades em eleger um presidente da Assembleia da República. A solução encontrada, um acordo entre o Partido Socialista e o Partido Social Democrata, resultou de uma “infantilidade do Chega”, de acordo com o que o próprio defendeu hoje.
“De ontem para hoje, Aguiar-Branco teve características novas que o recomendam mais hoje do que ontem para ser presidente da Assembleia da República? Vamos ter numa segunda parte desta legislatura um partido da Assembleia da República do Partido Socialista. Pergunto a quem cometeu a esta infantilidade, a André Ventura, qual é a consequência última de todo este processo e se não foi aquilo que eu creio que ninguém desejaria - que era ter um presidente da Assembleia da República socialista. Qual é o resultado útil disto?”, questionou, em entrevista à SIC Notícias, e falando sobre as consequências dos acontecimentos das últimas horas, dado que o processo de eleição do responsável para este cargo aconteceu à 4.ª tentativa, depois de ter começado na terça-feira.
Rui Rocha questionou ainda qual o impacto que este processo – ou seja, a demora –, teve na vida dos portugueses. “O que é que os portugueses, nestas 48 horas, ganharam com isto? Há mais casas disponíveis no mercado? Os salários subiram?”, apontou.
O liberal reforçou também a ideia que tem vindo a defender nas últimas horas, apontando que “há um partido que não é confiável”, referindo-se ao Chega. Exemplificando com as declarações de André Ventura, que falava de um acordo entre o partido que lidera e a AD, Rui Rocha considerou que “tudo isto é ridículo”.
“O PS também começou muito mal porque juntou-se ao Chega para bloquear o país”
Questionado sobre se o acordo entre os dois principais partidos teria custos políticos, Rui Rocha considerou que “não fazia este tipo de previsões”. “Estamos a analisar tudo sito como se fosse um drama especial, uma coisa transcendente para os portugueses. Criou-se à volta de tudo isto um drama quando o normal seria que a candidatura apresentada pelo partido que ganhou as eleições fosse sufragada pelo menos pelos partidos que têm mais responsabilidade – e aí também critico o PS porque também esteve na origem de toda esta crise artificial que foi feita”, analisou.
Confrontando com a solução apresentada pelo PS ter sido, no fundo, a chave para eleger o líder da Assembleia e resolver este impasse, Rui Rocha defendeu que os socialistas tinham “uma responsabilidade acrescida”.
“Se temos um partido que não é confiável, com um peso legítimo, todos os outros partidos têm que ter essa responsabilidade acrescida”, apontou, reconhecendo ainda que apesar de o PSD não ter conduzido a questão “com a sagacidade desejável”, também era preciso apontar o dedo aos socialistas.
“O PS também começou muito mal porque juntou-se ao Chega para bloquear o país”, defendeu, acusando os socialistas que este foi um sinal “claro” de bloqueio do funcionamento normal da Assembleia da República. Mas não são só os socialistas que ‘ficam mal’ neste quadro, segundo o liberal: “Obviamente, o Chega”.
Em relação à falta de “sagacidade” referida em relação ao PSD, Rui Rocha explicou que ao partido faltou-lhe perceber que “há determinados partidos que não são confiáveis”. “Continuo a dizer. Havia um acordo, um entendimento, mas depois já não havia? E depois foram dadas indicações aos deputados do Chega para votar apesar de não haver acordo? E depois os deputados do Chega não votam? É ridículo”, frisou.
Perante a possibilidade que de este caso – e impasse – não ser único, Rui Rocha considerou que este foi um “sinal de uma grande instabilidade”, mas que espera que as responsabilidades sejam assumidas.
IL 'escapou' a clima de instabilidade?
O presidente da IL, que esteve ‘com um pé’ no Governo que tomará posse a 2 de abril, foi ainda questionado sobre se ter ficado de fora lhe traz agora algum tipo de alívio. “Não se trata de alívio ou falta dele. Trata-se de uma decisão que foi tomada”, considerou, reforçando que este acordo não andou para a frente porque “não houve o alinhamento necessário”, apesar da existência de “abertura para diálogo”.
Para a inexistência deste acordo entre PSD e IL, Rui Rocha não desvendou o que não resultou na conversa, mas apontou: “Não houve alinhamento necessário para se consumar situação de acordo. As prioridades não se alinharam”, afirmou, dizendo que não daria detalhes, mas exemplificando: “Para a IL é absolutamente fundamental mudar os sistema eleitoral e trazer círculo de compensação que permite não ser perderem centenas de milhares de votos a cada eleição legislativa. O PSD não tem essa mesma prioridade. Tem uma outra visão”.
Rui Rocha garantiu que a partir daqui as situações serão analisadas caso a caso e com responsabilidade. "Nunca faremos oposição ao país. Birras como vimos nestes dias. Paralização do Parlamento, questiúnculas. Não é essa a nossa forma de fazer política", apontou.
Questionado sobre se acreditava que Luís Montenegro iria conseguir cumprir a legislatura até ao fim, Rui Rocha apontou que "o contexto é difícil" e que a falta de maioria faz com que se fique sujeito a "oscilações de humor de determinados partidos". "Creio que vai ser uma legislatura difícil, mas não prevejo todavia que haja a total impossibilidade de se chegar ao fim da legislatura".
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