Carta de Pedro Nuno ao Governo é "puro taticismo" político
Liberal reagiu não só à carta do secretário-geral do PS, como também ao mais recente anúncio de Tiago Mayan Gonçalves.
© Álvaro Isidoro / Global Imagens
Política Rui Rocha
Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL), considerou, esta segunda-feira, que a carta enviada pelo secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ao Governo se trata de "taticismo" político.
"Estas declarações de compromisso, de receptividade para compromisso, com prazo marcado, num período de 60 dias, ainda por cima vinda do partido que não quis resolver estas questões, é o mais puro taticismo", disse Rui Rocha, numa conferência de imprensa no Parlamento.
Segundo Rui Rocha, Pedro Nuno Santos "ainda há poucos dias disse que não queria fazer taticismo político à cerca da situação do país".
"Pois eu acho que está a fazê-lo e está a fazê-lo de uma forma muito vincada. Isto tira qualquer valor a esta disponibilidade que é manifestada", considerou.
Para o liberal, a carta "trata-se da evidência e a confirmação de que Pedro Nuno Santos e o PS de Pedro Nuno Santos estão empenhados em fazer oposição ao PS de António Costa".
Apesar de subscrever a necessidade de olhar para as carreiras dos profissionais de saúde, dos polícias ou dos professores, o líder da IL criticou o facto de esta missiva deixar "uma grande parte do país de fora" e questionou se essas áreas não são uma prioridade para o PS. Entre os exemplos do que não foi abordado, Rui Rocha apontou os alunos sem professores, utentes sem consultas e cirurgia a tempo ou as "famílias e empresas asfixiadas pelos impostos".
"Mais do que esta troca taticista de cartas sobre um eventual orçamento retificativo - que se calhar nem vai existir - e esta demonstração de abertura, ela própria taticista porque tem prazo marcado, o que é preciso perguntar ao primeiro-ministro é se para além destas carreiras, está ou não em condições de garantir a baixa de impostos necessária às famílias e às empresas, a reforma da saúde, que o próximo ano letivo vai começar com professores nas escolas, se o sistema eleitoral passa não desperdiçar as centenas de milhares de votos", questionou, considerando que estas são "questões estruturais que nem Pedro Nuno Santos ainda quis tratar" e sobre as quais não há ainda uma visão do primeiro-ministro
Rui Rocha foi ainda questionado sobre o facto de o antigo candidato às eleições presidenciais Tiago Mayan Gonçalves ter adiantado, hoje, que quando houver eleições na IL estará pronto para encabeçar uma candidatura à liderança, apresentando juntamente com duas centenas de liberais um manifesto para refundar o partido.
"Nós somos liberais e, portanto, damos sempre as boas-vindas à concorrência. Esse é o espírito com que encaro essa apresentação e é o único comentário que farei relativamente a questões internas do partido", afirmou.
"A manifestação democrática de alternativas não tem porque estar vinculada a calendários políticos", referiu o líder liberal quando interrigadi sobre o `timing´ da apresentação deste movimento de oposição em vésperas de eleições na Madeira e para o Parlamento Europeu.
Rui Rocha apontou que a IL "às vezes" surpreende os portugueses pelo facto de se discutirem questões internas do partido "com emoção e com entusiasmo".
"Mas isso não afeta depois a capacidade do partido se afirmar com as suas ideias. A concorrência é sempre bem-vinda é esse o ponto que quero sublinhar relativamente a isso", disse apenas, perante a insistência dos jornalistas.
Recorde-se que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, escreveu hoje ao primeiro-ministro, disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública.
Numa carta dirigida a Luís Montenegro, à qual a agência Lusa teve acesso, Pedro Nuno Santos acrescenta que "a disponibilidade do PS para este acordo pressupõe uma negociação prévia com as organizações representativas dos trabalhadores".
Luís Montenegro confirmou ter recebido a carta do secretário-geral do PS, a que dará, "naturalmente, resposta", segundo fonte do gabinete do primeiro-ministro.
Em 19 de março, após uma audição com o Presidente da República em Belém, Pedro Nuno Santos tinha-se manifestado disponível para viabilizar um Orçamento retificativo da AD limitado a "matérias de consenso", referindo-se à valorização das grelhas salariais destes grupos profissionais da administração pública até ao início do verão.
[Notícia atualizada às 16h58]
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