Influencer, motoristas e a relação com Pedro Nuno. Galamba em entrevista
Antigo ministro das Infraestruturas deu a primeira entrevista desde que se viu envolvido na Operação Influencer. Galamba acredita que será inocentado neste caso e discorda da ida de Lucília Gago à Assembleia da República.
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Política João Galamba
João Galamba, antigo ministro das Infraestruturas, disse ser contra a audição, no Parlamento, da Procuradora-Geral da República (PGR) Lucília Gago, a propósito da Operação Influencer.
"A minha defesa será feita em sede própria", afirmou, em entrevista à CNN Portugal, dizendo, contudo, perceber a questão suscitada pelo Presidente da Assembleia da República.
"Não considero que a ida ao Parlamento da senhora Procuradora-Geral da República faça qualquer sentido", prosseguiu, afirmando, porém, que se Lucília Gago achar que tem de dar explicações, o deve fazer.
"E, se não o fizer, os portugueses farão certamente o seu juízo sobre o que se passa e sobre o comportamento da senhora Procuradora. Mas ir ao Parlamento não me parece correto", frisou.
"Não fui ouvido, mas parece que fui escutado vários anos"
Sobre a Operação Influencer, na qual é visado, garantiu: "Não fui ouvido, mas parece que fui escutado vários anos". João Galamba afirmou que, depois das buscas, a 7 de novembro, apresentou um "requerimento para ser ouvido".
"Os meus advogados já insistiram para ser ouvido, mas ainda não fui", asseverou, dizendo ainda que não conseguiu consultar o processo.
"Tudo o que sei é pela comunicação social", lamentou, na mesma entrevista.
Acabarei por ser inocentado
"Seria muito tentador da minha parte cavalgar as notícias recentes que me são favoráveis, mas não o vou fazer", prosseguiu, reiterando que a defesa será feita "em sede própria". "Obviamente que estou de consciência inteiramente tranquila em relação a tudo o que fiz. Sei tudo o que fiz. Sei também tudo o que não fiz", disse ainda, citando António Costa: "Sei como é que este processo vai acabar".
"Acabarei por ser inocentado", frisou.
João Galamba, que foi constituído arguido no âmbito de uma investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, salientou também, na mesma entrevista, ser "normal e banal" qualquer governante "fazer encontros e refeições" e negociar em restaurantes.
Galamba diz que tinha direito a uso pessoal de motoristas
Sobre a utilização de motoristas do Ministério das Infraestruturas, prática apontada a Galamba - e criticada por Luís Montenegro no seu primeiro Conselho de Ministros já como primeiro-ministro -, o ex-governante não se escusou a falar.
"O senhor primeiro-ministro no Conselho informal de Óbidos, disse que o Governo ia publicar um código de ética para evitar, e estou a citar 'casos Galamba'. E sobre isso eu falo em concreto, porque o atual primeiro-ministro nunca exerceu funções executivas, por isso até se podia desculpar alguma ignorância nesta matéria, mas é jurista e tem obrigação de conhecer a lei, que é clara. O decreto-lei de 78 que está em vigor diz que tem direito a uso pessoal o Presidente da República, o primeiro-ministro, membros do Governo, o presidente do Tribunal Constitucional, o presidente do Supremo e, se não me engano, a senhora Procuradora-Geral da República", atirou Galamba.
"Eu posso garantir que todos os usos que fiz foram nos exatos termos da lei e sempre em proveito das minhas funções, quando não no exercício das minhas funções", asseverou.
E acrescentou: "Não tenho pai nem mãe. Já faleceram e os meus sogros vivem no Funchal, portanto as minhas filhas não têm avós em Lisboa. E eu fazia questão sempre de ir buscar as minhas filhas à escola, interrompendo, se não tivesse uma reunião importante. E ia, com os meus motoristas, buscar as minhas filhas à escola, a consultas no médico...", apontou, dizendo não aceitar as críticas de Luís Montenegro.
Pedro Nuno? “Nunca me disse nada nos últimos meses"
Por fim, questionado sobre se tem tido contacto com o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, João Galamba afirmou que não estão em contacto. "Já fomos mais próximos”, admitiu, remetendo explicações para o próprio.
“Nunca me disse nada nos últimos meses, nem no dia das buscas”, asseverou, acrescentando que só falou com Pedro Nuno Santos uma vez depois do 'episódio' TAP.
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