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Mãe das gémeas? Ana Gomes acusa Ventura de "desumanidade e baixeza"

Antiga diplomata e candidata presidencial considerou que o interrogatório a Daniela Martins foi "sórdido". Em causa, recorde-se, esta o caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um medicamento para a Atrofia Muscular Espinhal, no Santa Maria, numa polémica que envolve o nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do seu filho, Nuno Rebelo de Sousa.

Mãe das gémeas? Ana Gomes acusa Ventura de "desumanidade e baixeza"
Notícias ao Minuto

08:33 - 24/06/24 por Carmen Guilherme

Política Ana Gomes

Ana Gomes reagiu, este domingo, à audição da mãe das gémeas luso-brasileiras tratadas em Portugal na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso, que decorreu na sexta-feira, criticando a "desumanidade" e "baixeza" do interrogatório de André Ventura, líder do Chega.

No seu habitual espaço de comentário, na SIC Notícias, a antiga diplomata foi questionada sobre se considerou de qualidade o interrogatório levado a cabo por André Ventura e respondeu diretamente: "Não. Foi de uma desumanidade, foi de uma baixeza, foi sórdido, porque se transformou, de facto, num ataque à mãe daquelas crianças". 

"E eu compreendo como mãe. Uma mãe faz o que está ao seu alcance. E é evidente que a senhora meteu os pés pelas mãos porque estava ali, obviamente, com o objetivo de ilibar quem a ajudou", acrescentou.

Ana Gomes entende que a mãe das crianças, Daniela Martins, foi "humilhada" e acusou André Ventura de "instrumentalizar" a CPI.

"Não é a mãe que é culpada, que devia ser humilhada. Não devia ser, de maneira nenhuma, assim tratada. Isto é Ventura a superar-se na baixeza e a instrumentalizar a CPI", disse, acrescentando que esta Comissão "não vai dar nada" e vai "servir quem quer promover-se". "Com uma agenda miserável, como é a de Ventura", atirou a socialista.

Ainda assim, Ana Gomes ressalvou que "o assunto merece esclarecimento", partilhando da opinião de que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, devia ter sido investigado. 

"Acho que isso [não ter sido investigado] não é bom para o próprio Presidente da República. Fica a pairar aqui uma dúvida, que não é bom para a instituição Presidência da República", considerou, frisando também que o papel de Nuno Rebelo de Sousa, filho do chefe de Estado, no caso, também tem de ser esclarecido.

Recorde-se que, na sua audição na CPI, que durou cerca de cinco horas, Daniela Martins negou ter contactado com Nuno Rebelo de Sousa e disse nem sequer o conhecer. Admitiu, no entanto, ter conhecido a mulher do filho de Marcelo, mas já depois de as gémeas terem recebido o medicamento Zolgensma.

Constituída por 17 deputados, a Comissão terá quatro meses para concluir o seu trabalho, tendo sido definido que as audições deverão acontecer pelo menos duas vezes por semana.

No âmbito deste processo, a CPI ainda aprovou os pedidos de depoimento do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa - que poderá depor por escrito -, do chefe da Casa Civil da Presidência da República, Fernando Frutuoso de Melo, e da assessora do chefe de Estado para os assuntos sociais, Maria João Ruela. Também António Costa, ex-primeiro-ministro, será ouvido.

Entre outras, também foram aprovadas as audições da jornalista Sandra Felgueiras, da ex-ministra da Justiça Catarina Sarmento e Castro, da ex-secretária de Estado das Comunidades Portuguesas Berta Nunes e da ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

O advogado da família e a presidente do Instituto dos Registos e Notariado, Filomena Rosa, também poderão ser ouvidos no âmbito do processo de naturalização das crianças.

Lacerda Sales foi o primeiro a ser ouvido no Parlamento. 

Leia Também: "Silêncio do filho prejudica pai que não é pessoa qualquer. É Presidente"

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