Venezuela? Posições públicas de Portugal "vão no bom sentido"
Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros entende que o Governo português tem tomado uma "posição correta".
© Reuters
Política Santos Silva
Augusto Santos Silva, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, considerou, esta segunda-feira, que as posições públicas que Portugal tem tomado relativamente à situação vivida na Venezuela "vão no bom sentido", referindo ainda que cada dia que passa sem que o regime de Nicolás Maduro apresente os registos eleitorais das eleições presidenciais é "um dia em que é legítimo" pensar que os resultados "foram manipulados".
Em declarações na SIC Notícias, o ex-diplomata começou por destacar que a "pressão" vivida na Venezuela "é muito grande", sobretudo aquela que "verdadeiramente conta", "que é a pressão da própria sociedade e do povo venezuelano"
"Só há uma maneira do regime de Maduro credibilizar os resultados que proclama, que é apresentar as respetivas provas. Cada dia que passa sem apresentar essas provas, é um dia em que é legitimo pensarmos que esses resultados foram manipulados e, portanto, não são verdadeiros", defendeu.
Interrogado sobre a postura do Governo face à situação, o também antigo presidente da Assembleia da República sublinhou que, "numa circunstância que é tão delicada para os interesses portugueses na Venezuela, que são os interesses da comunidade luso-venezuelana", a sua posição "é de apoiar o Governo, quem quer que ele seja".
Ainda assim, considerou que todas as posições publicas que Portugal tem tomado "vão no bom sentido”.
"A posição que temos tomado, de equilíbrio, de prudência, mas também de não alheamento e de acompanhamento da União Europeia (UE), é a posição correta", considerou.
Recorde-se que, ontem, a UE disse, em comunicado, que "continua a acompanhar com grande preocupação" a situação na Venezuela e pediu "uma maior verificação independente dos registos eleitorais" da votação do passado domingo, na que o atual presidente foi declarado vencedor.
Um dia antes, Portugal e outros seis países europeus tinham pedido às autoridades venezuelanas para que divulgassem rapidamente todas as atas da votação, para garantir a total transparência e integridade do processo eleitoral.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificou na sexta-feira a vitória de Nicolás Maduro com 52% dos votos contra 43% de Edmundo Gonzalez Urrutia.
Na sequência da denúncia de fraude por parte da oposição, o país latino-americano tem sido palco de manifestações de protesto que, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, já resultaram na morte de 11 civis e na detenção de mais de duas mil pessoas.
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