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PCP pede regalias para bombeiros num debate criticado por outros partidos

O PCP defendeu hoje no Parlamento a criação do estatuto social dos bombeiro e a classificação como profissão de desgaste rápido, num debate criticado por todos os outros partidos por não aceitarem outros projetos.

PCP pede regalias para bombeiros num debate criticado por outros partidos
Notícias ao Minuto

17:37 - 09/10/24 por Lusa

Política Bombeiros

As propostas do PCP incluem a criação do "estatuto social do bombeiro e a consagração da profissão de bombeiro como de risco e de desgaste rápido" e o deputado comunista António Filipe salientou outras matérias que devem ser revistas, entre as quais "o modelo de organização do sistema de proteção civil ou o financiamento das associações de bombeiros".

 

Perante os dois projetos de lei agendados para debate potestativo -- um recurso que permite a um partido impor um tema na ordem de trabalhos -, as bancadas dos outros partidos criticaram o facto de os comunistas não terem aceitado a inclusão de outras propostas, acusando o PCP de não querer contributos.

Em resposta, António Filipe recordou que o objetivo era assegurar a rapidez na discussão, porque já há "experiência de que é possível subverter este debate", criando o risco de "arrastamento" do processo legislativo, como o que "viria criar um grupo de trabalho para empatar este processo legislativo".

Na terça-feira, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai preparar uma proposta de carreira, benefícios, regalias e formação para os bombeiros voluntários e profissionais que trabalham nas associações humanitárias de bombeiros voluntários e, no debate, o deputado João Almeida (CDS) disse que essa estrutura iria dar resposta rápida aos problemas existentes.

"Vamos fazer em 60 dias o que não foi feito em oito anos porque os bombeiros assim o merecem", disse.

O PCP propõe a eliminação de prazos mínimos para que os bombeiros ou filhos beneficiem de flexibilidade em prazos de exames do ensino superior ou reembolso de propinas, um pacote de benefícios que incluem o reembolso de despesas relativas a berçários, creches e estabelecimentos da educação pré-escolar.

Admitindo que "existem diferentes categorias de bombeiros: os sapadores, os municipais, os profissionais das associações humanitárias e os voluntários", todos são "a espinha dorsal do nosso sistema de proteção civil", explicou António Filipe.

O deputado comunista referiu que o projeto prevê que os bombeiros voluntários possam beneficiar gratuitamente de assistência médica, medicamentos e apoio psicológico no caso de incidentes de serviço, um regime de apoio no acesso a lares de idosos e um aumento das bonificações para reformas.

No que respeita aos bombeiros profissionais, o projeto do PCP pede o reconhecimento do risco e do desgaste rápido da profissão, 25 dias úteis de férias, e "subsídio de penosidade e de insalubridade", com os valores do subsídio de risco a serem "integralmente suportados pelo Estado".

O serviço dos voluntários e profissionais "é frequentemente enaltecido, mas não é suficientemente valorizado", mas "palavras leva-as o vento" e "os atos concretos para melhorar as condições de trabalho e de vida dos bombeiros tardam em aparecer", acrescentou, considerando que a rejeição destas iniciativas pelos deputados "seria uma traição imperdoável aos bombeiros portugueses".

"Nós precisamos dos bombeiros todos os dias. Eles hoje precisam de nós e confiam em nós. Sejamos dignos dessa confiança. Não os desiludamos", apelou António Filipe.

Nas intervenções seguintes, todos os partidos invocaram o passado para assegurar o seu compromisso com a defesa dos bombeiros portugueses, voluntários e profissionais.

Contudo António Rodrigues (PSD) criticou a oportunidade dos projetos e recordou a necessidade de discutir as condições financeiras para assegurar essas medidas.

Já o deputado socialista Fernando José considerou que "há um caminho de reposição de direitos e de valorização de carreiras que foi feito pelo PS", mas alertou para a necessidade de discutir o "enquadramento jurídico que integra o conceito de desgaste rápido" proposto pelo PCP.

Por seu turno, André Ventura (Chega) lamentou que o PCP tenha agendado "este debate mas não deixou virem propostas alternativas", procurando aproveitar o contexto mediático atual: "Estas carreiras não são revistas há mais de 20 anos. Quem é que suportou o governo durante seis anos?" -- questionou, referindo-se aos executivos socialistas.

Apesar de o PCP não ter permitido a introdução de outras propostas, André Ventura assegurou que o Chega irá aprovar as iniciativas dos comunistas: "Nós vamos aprovar estes projetos".

O socialista Ricardo Lima criticou o líder do Chega, acusando-o de promover uma "confusão total" e "um aproveitamento constante daquilo que é a função dos bombeiros".

Por seu turno, Rui Tavares (Livre) prometeu escrutinar o debate destes projetos em especialidade bem como a proposta do Governo: Será "um grupo de trabalho que vai estar sob vigilância deste parlamento".

Antes do início dos trabalhos, a presença de bombeiros fardados nas galerias parlamentares foi objeto de debate e levaram o presidente da Assembleia da República a autorizar a entrada.

Leia Também: Aguiar-Branco recua e permite que bombeiros fardados assistam a debate

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