Desacatos? PS pede "intervenção moderada" e critica silêncio do Governo
O PS criticou hoje o défice de intervenção do Governo para conter o alarme social na sequência dos desacatos na Grande Lisboa e defendeu uma "intervenção moderada para garantir a segurança e um trabalho multidisciplinar nos bairros.
© Lusa
Política Alexandra Leitão
Em declarações aos jornalistas no parlamento, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, disse que o partido acompanha "com atenção e com preocupação" os distúrbios nas últimas noites em diferentes zonas da Área Metropolitana de Lisboa, deixando "uma ideia de calma e de pacificação para que se possa resolver os problemas de forma correta e sem tensões exageradas".
"Lamentamos a morte do cidadão no quadro de um incidente com a polícia. É preciso apurar todas as circunstâncias que rodearam essa morte e isso é fundamental. Sobre isso não direi mais até se saber exatamente quais são essas circunstâncias", começou por ressalvar.
Alexandra Leitão defendeu "uma intervenção moderada" sobre esta questão, ma qual não deve ser descurada nenhum das duas dimensões, ou seja, "uma dimensão de integração e construtiva e uma dimensão policial".
A líder parlamentar socialista defendeu que devia "haver mais coordenação e mais explicação" da parte do Governo já que esta situação "cria alarme social".
"As pessoas que estão em sua casa a ver as notícias a ver autocarros incendiados, isso também cria alarme social, também cria uma situação de insegurança e o Governo deve vir dar uma palavra às pessoas de pacificação, de acalmia de que o trabalho está a ser feito para exatamente evitar esse alarme social. Portanto, sim, acho que tem havido aqui um défice de intervenção", criticou.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca"
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
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