O líder do Chega, André Ventura, e o candidato à Presidência da República Henrique Gouveia e Melo reuniram-se durante um almoço no final do passado mês de agosto. O encontro ocorreu numa quinta de Mário Ferreira.
Segundo avançou o Público, Mário Ferreira, que já manifestou o seu apoio ao almirante, foi o "patrocinador" do encontro que decorreu na Quinta da Carlota, nos arredores de Torres Vedras. O almoço teve como objetivo que Gouveia Melo e Ventura "pudessem debater assuntos de interesse comum".
O diretor da campanha presidencial de Luís Marques Mendes, Duarte Marques, questionou "o suprapartidarismo de Gouveia e Melo" e considerou que os três intervenientes no almoço "têm a obrigação de prestar esclarecimentos públicos sobre isto".
O antigo deputado social-democrata afirmou, ainda, que o almoço "só reforça a tendência para ziguezagues políticos" de André Ventura.
“O suprapartidarismo de Gouveia e Melo”
— Duarte Marques (@DuarteMarques) September 12, 2025
Esta notícia tem muito que se lhe diga: primeiro, Mário Ferreira. Esta iniciativa de um grande apoiante de Gouveia e Melo e dono da TVI explica muito o que se passa na Media Capital à margem dos jornalistas; (continua) pic.twitter.com/vdZA25GVrM
Recorde-se que, em maio, dias após Gouveia e Melo ter anunciado a sua intenção em candidatar-se à Presidência da República, André Ventura, não descartou um eventual apoio, defendendo que queria um "candidato forte, independente, acima dos interesses partidários e firme na luta contra a corrupção".
Na altura, o líder do Chega recusou apenas apoiar Luís Marques Mendes (que conta já com o apoio do PSD), por considerar que o antigo líder dos sociais-democratas representava "o pior que o sistema tem em termos de aparelhismo, carreirismo e em termos de ligações ao sistema central de interesses".
Ventura com 'um pé dentro e outro fora' das Presidenciais
Em janeiro, André Ventura anunciou que seria candidato à Presidência da República, depois de, em 2021, ter ficado em terceiro lugar - com 11,90% dos votos. À sua frente ficou Marcelo Rebelo de Sousa, que foi reeleito Presidente da República com mais de 60% dos votos, e Ana Gomes (12,97%).
No entanto, em março, quando Portugal foi assolado por uma nova crise política, devido ao caso Spinumviva, Ventura admitiu que iria retirar a sua candidatura, justificando que o "cenário mudou".
"O cenário mudou, o contexto é outro e a minha responsabilidade primeira e maior como líder do partido, e isso não vai mudar nas próximas semanas, é ser o cabeça de lista do Chega às eleições legislativas", afirmou André Ventura, na altura.
Já esta sexta-feira, o jornal Nascer do SOL divulgou uma entrevista a André Ventura, onde o líder do Chega confirmou que vai avançar com uma candidatura a Belém e que chegou a pensar apoiar Gouveia e Melo.
Considerou, ainda, que caso vá à segunda volta, será o "candidato da Direita" e que só não o seria "se Passos Coelho fosse candidato".
O Chega reúne também hoje à noite o seu Conselho Nacional, em Lisboa, para discutir as eleições presidenciais. A decisão deverá ser anunciada até segunda-feira.
Numa entrevista à CNN Portugal, o presidente do Chega já tinha adiantado que "entre dia 12 e 15 o Chega apresentará um candidato presidencial". No entanto, afirmou que a sua candidatura seria "um mau sinal para a democracia".
"É um mau sinal para a democracia se eu me candidatar", considerou, defendendo que "o líder da oposição não deve ser simultaneamente um candidato presidencial", só "em último caso".
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