Verdes contestam nova intenção de abate de árvores em Sintra-Cascais
O grupo parlamentar do Partido Ecologista 'Os Verdes' questionou o Ministério do Ambiente sobre se está informado da "nova intenção de abate de árvores" no Parque Natural de Sintra-Cascais pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
© Global Imagens
Política José Luís Ferreira
O deputado José Luís Ferreira entregou na Assembleia da República, na sexta-feira, uma pergunta ao Governo sobre a "intenção de abate de árvores no Parque Natural de Sintra-Cascais, em área classificada pela UNESCO" como património mundial, informou uma nota do grupo parlamentar de "Os Verdes".
O partido ecologista verificou recentemente "a existência de uma nova marcação de árvores para abate" ao longo da Estrada Nacional (EN) 9-1 e na ligação com a Lagoa Azul e os Capuchos, após a intenção do ICNF, no ano passado, "de abater mais de um milhar de árvores na mesma zona".
Entre as iniciativas promovidas por 'Os Verdes, em relação a um abate "cujos impactos negativos são enormes, nomeadamente sobre a paisagem classificada pela UNESCO", foi solicitada a audição do presidente do ICNF na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território.
"Passado perto de um ano, e depois da devastação que ocorreu na floresta portuguesa com os incêndios, nomeadamente na floresta pública, com a perda do pinhal de Leiria, o ICNF volta a marcar novamente um conjunto muito significativo de árvores para abate", notou o partido.
Para 'Os Verdes' é fundamental que, "na gestão florestal do Parque Natural de Sintra-Cascais, as preocupações de proteção e conservação da biodiversidade, da paisagem e do ambiente prevaleçam sobre todo e qualquer outro critério", nomeadamente economicistas e das necessidades de financiamento do ICNF.
O corte de arvoredo, além do impacto sobre a paisagem e a biodiversidade, "irá colocar a floresta remanescente numa situação de maior fragilidade aos incêndios, sendo que predominam no sub-coberto vegetal da zona espécies invasoras, como é o caso das acácias".
Nesse sentido, José Luís Ferreira questionou o ministro João Matos Fernandes acerca do "número exato de árvores marcadas", de "quando está previsto o abate" e que razões justificam a intervenção "numa área classificada pela UNESCO".
O deputado quer ainda saber se "existe algum relatório técnico fitossanitário e de impacto ambiental" que justifique a intervenção e se a área possui algum Plano de Gestão Florestal.
O partido qustiona também se o Ministério do Ambiente, "depois dos impactos dramáticos dos incêndios" de 2017, não considera que "tudo deve ser feito para preservar a área de floresta pública existente".
A divulgação, em março de 2017, da marcação de cerca de 1.350 árvores para corte na serra de Sintra motivou a contestação de deputados, associações ambientalistas, cidadãos e autarcas.
Segundo um recente relatório do Serviço Municipal de Proteção Civil de Sintra, já divulgado pela Lusa, o ICNF prevê "a remoção" de 307 pinheiros (299 verdes e oito exemplares arbóreos secos), 30 cedros e 33 acácias, em áreas sob a sua gestão direta.
A intervenção, no território de Sintra, está prevista numa faixa de 1,7 quilómetros na EN 9-1 e de 364 metros na estrada florestal entre a Malveira e o cruzamento da Portela, sem contar com cortes no município de Cascais.
O corte de arvoredo enquadra-se no âmbito da Defesa da Floresta Contra Incêndios e o ICNF "pretende criar uma faixa de segurança na vertente sul da serra de Sintra", lê-se no documento da Proteção Civil de Sintra, que mereceu a concordância do presidente da autarquia.
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