"O panda vermelho representa a puberdade de forma muito clara"
Falámos com a realizadora e responsável pela história de 'Turning Red'. Domee Shi também se tornou conhecida depois de ser distinguida com um Óscar pela curta 'Bao'.
© Disney / Pixar
Tech Entrevista
O público já se habituou a ver grandes filmes saídos da Pixar, uma tradição que vem desde ‘Toy Story’ em 1995 e que foi ‘cimentada’ graças ao lançamento de clássicos como ‘Finding Nemo’, ‘Wall-E’, ‘Inside Out’ e ‘Coco’.
Depois de ‘Soul’ em 2020 e ‘Luca’ em 2021, a Pixar está de volta com ‘Turning Red’, mais um filme que promete divertir os mais novos e (como já vem sendo habitual) emocionar os adultos. Tal como é habitual na Pixar, o filme procura explorar temas universais e conta uma história que encontrará eco em praticamente todas as famílias - sobretudo entre mães e filhas.
‘Turning Red’ tem uma jovem rapariga de 13 anos, Meilin, como protagonista e segue a sua relação com a mãe Ming, sobretudo a forma como se começam a afastar na fase da adolescência apesar de antes serem tão próximas.
A relação entre as duas personagens tem um elemento fantástico como pano de fundo, nomeadamente o facto de, no início da puberdade, Meilin perceber que se consegue transformar num panda vermelho gigante. Aparentemente, esta é uma ‘maldição’ das mulheres desta família de origem chinesa e uma com que Meilin terá de lidar enquanto navega pelas conhecidas ‘armadilhas’ desta época da vida.
“[A nossa relação] começou muito próxima, mas há um ponto na puberdade em que tudo muda"
‘Turning Red’ é a primeira longa-metragem com história e realização de Domee Shi na Pixar. Shi tornou-se conhecida depois de ser distinguida com um Óscar por ‘Bao’ (de 2018), uma curta que também tinha as relações entre pais e filhos como grande tema.
Foi para tentar perceber as inspirações e o que levou a realizadora a criar ‘Turning Red’ que o Notícias ao Minuto teve a oportunidade de falar com Shi, numa entrevista conjunta com outros jornalistas e que teve lugar pouco antes da chegada do filme ao serviço de streaming Disney+.
Sobre o que a levou a ‘Turning Red’, Shi admitiu que a história tem origem nas suas “experiência pessoal”, não só no no que diz respeito à relação entre Meilin e Ming, como também em toda a estética do filme.
“Tudo o que vês no ecrã é apenas eu e a minha estética com base no meu ‘background’ e no meu crescimento, nas coisas de que gosto e que me apaixonam. Sempre senti que, por ter crescido no Canadá mas ter origem chinesa, tinha um pé cultura oriental e outro pé no cultura ocidental e isso é o que podes ver no filme. Este filme é sobre uma rapariga ‘presa’ entre estes dois mundos”, afirmou Shi.
Sobre a relação entre a protagonista do filme e a mãe, Shi nota que viveu a mesma dinâmica com a própria progenitora. “[A nossa relação] começou muito próxima, mas há um ponto na puberdade em que tudo muda - eu estou a mudar como pessoa e a ganhar novos interesses. Discutíamos todos os dias, eu estava temperamental e este filme é uma desculpa para revisitar essa época e aprofundar um pouco a questão de porque é que isto acontece”, explicou a realizadora durante a sessão.
© Getty Images
Porquê um panda vermelho?
Ainda que esta dinâmica entre mãe e filha possa ser central no enredo de ‘Turning Red’, o panda vermelho em que Meilin se transforma é difícil de ignorar e está claramente entre os momentos mais divertidos do filme. A transformação de Meilin ocorre sempre que esta exibe grandes alterações de humor, uma analogia a um comportamento comum entre os adolescentes que passam pela puberdade e que Domee Shi diz não ter sido inocente.
Questionada pelo Notícias ao Minuto a respeito do motivo de ter escolhido um panda vermelho como metáfora para a puberdade, Shi pareceu nunca ter tido dúvidas sobre a escolha deste animal.
“O motivo que me levou a esta escolha é porque senti que, visualmente, o panda vermelho representa a puberdade de uma forma muito clara. É grande, é embaraçoso, é peludo… E a cor vermelha é em si mesma simbólica da puberdade. É a menstruação, são as emoções que surgem nessa altura - o vermelho da fúria, da vergonha, da luxúria pelo ‘crush’ de escola”, explicou Shi.
A realizadora notou que a ideia do panda vermelho enquanto pensava na transformação incontrolável de uma rapariga num animal gigante vermelho lhe surgiu naturalmente. Esta escolha é, assim, mais uma situação que lhe permite ir buscar elementos da cultura chinesa que está bem presente no filme.
‘Turning Red’ está disponível em exclusivo através do Disney+ desde o dia 11 de março e conta com interpretações de Rosalie Chiang (Meilin), Sandra Oh (Ming Lee), Maitreyi Ramakrishnan (a amiga da protagonista Priya Mangal) e Wai Ching Ho (como avó de Meilin, Wu).
Leia Também: Disney+ terá mais uma série da Marvel em junho
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com