Transístor de papel reciclável leva portugueses a prémio europeu
A utilização de papel como um material de eletrónica para fazer um transistor descartável levou os cientistas portugueses Elvira Fortunato e Rodrigo Martins à final do Prémio Europeu do Inventor 2016, anunciou hoje a instituição promotora.
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"Fizemos pela primeira vez no mundo o transistor de papel, em que o papel foi utilizado como um material de eletrónica", disse hoje à agência Lusa Elvira Fortunato.
Através de uma inovação tecnológica, os investigadores chegaram a transístores de celulose criados a partir de papel, com 'chips' baseados em nanotecnologia que substituem o silício por materiais orgânicos, reduzindo os custos de produção e tornando-os descartáveis e recicláveis, refere uma informação da organização do Prémio.
Este trabalho, um dos escolhido para a categoria de investigação, "torna viáveis 'microchips' baratos e recicláveis para aplicações de papel 'inteligentes', como bilhetes de avião automaticamente atualizáveis e rótulos de alimentos", acrescenta.
A cerimónia de anúncio dos vencedores da 11.ª edição do prémio de inovação do Instituto Europeu de Patentes (EPO na sigla em inglês) vai decorrer em Lisboa, a 9 de junho.
O trabalho dos portugueses do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) da Universidade Nova de Lisboa faz parte dos 15 finalistas, oriundos de 13 países, como França, Dinamarca, EUA, Índia, Itália ou Suécia, com invenções na segurança automóvel, bioquímica, comunicação, ambiente, eletrónica, nutrição ou tecnologia médica.
Elvira Fortunato explicou à Lusa que, para fazer um transistor, são necessários três materiais diferentes, ou seja, "materiais isolantes, que não conduzem eletricidade, como é o caso do vidro ou do papel, materiais metálicos, bons condutores elétricos, e materiais semi-condutores, a base de qualquer circuito integrado".
"É como se fizesse uma fotocópia frente e verso, são camadas muito finas, revestimentos, que colocamos em ambas as faces do papel", numa delas é colocado o semi-condutor, na outra os condutores, os metais, e o transistor, aqui o isolante, que é a folha de papel, está no meio, relatou a cientista.
Realçou a utilização destes transistores em "aplicações de muito baixo custo, em embalagens inteligentes", como de produtos farmacêuticos ou de alimentos, pois "cada vez mais os objetos comunicam uns com os outros".
Elvira Fortunato realçou que não se trata de substituir o silício ou os circuitos integrados por papel, são antes complementares.
A equipa de cientistas portugueses participa em projetos, alguns europeus, e de empresas, mas a invenção ainda não está no circuito comercial.
A área do papel eletrónico também suscitou interesse na Comissão Europeia, referiu Elvira Fortunato, e será lançado um concurso "numa escala que vai além do trabalho laboratorial".
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