Manutenção e reparação automóvel tem falta de pessoal especializado
O setor da manutenção e reparação automóvel necessita de milhares de pessoas, de acordo com o secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), que lamentou a falta de pessoal especializado.
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Auto Automóvel
"Faltam algumas dezenas de milhares de pessoas no setor da manutenção e da reparação. Dificilmente hoje se fala com uma oficina que não diga que tem pessoal a menos e que precisa de mais pessoal", disse Roberto Gaspar à Lusa, na semana em que decorre a 35.ª conferência da ANECRA.
De acordo com o responsável, há muitos associados que dizem precisar de várias pessoas porque "não têm falta de trabalho ou falta de serviço", mas sim "dificuldade em arranjar pessoal especializado em áreas muito, muito especializadas e técnicas".
Entre as principais áreas destacadas por Roberto Gaspar estão, por exemplo, de bate-chapa ou de pintura, mas também de mecatrónica -- que "era uma área em que não havia falta de pessoal, mas que já começa a haver" -- e até de rececionistas.
O secretário-geral da ANECRA apontou que, apesar de se tratarem de profissões "relativamente bem pagas", o setor tem tido dificuldade em cativar e reter novas gerações.
Dada a falta de mão-de-obra, Roberto Gaspar apontou que os associados tiveram de recrutar trabalhadores no estrangeiro, dando o exemplo de um associado em recrutar 14 colombianos para assegurar a continuidade da operação.
O setor automóvel em Portugal conta com mais de 90.000 trabalhadores, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), estimando Roberto Gaspar que cerca de 60% destas representem a parte da manutenção e reparação.
O emprego será um dos temas abordados na 34.ª convenção da ANECRA, que decorre na sexta-feira, em Lisboa, a par da mobilidade sustentável, os desafios após a venda, o financiamento ou os desafios que o setor enfrenta.
Questionado sobre o efeito em Portugal das reestruturações que as empresas automóveis estão a realizar a nível europeu, Roberto Gaspar apontou que, "para já, as perspetivas parecem ser de manutenção desses operadores".
O setor automóvel está a enfrentar uma das maiores crises das últimas décadas, com os resultados a ficarem abaixo das expectativas, pressionados pela inflação, pelas perspetivas económicas mais baixas e pelos efeitos dos limites das emissões.
Depois dos efeitos imediatos com a covid-19 e da crise dos semicondutores, a indústria automóvel enfrenta agora os efeitos dos limites das emissões, que terão de ser reduzidas em 15% no próximo ano.
O presidente da Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA) e diretor executivo do Grupo Renault, Luca de Meo, estimou em setembro que o setor possa ter de pagar 15.000 milhões de euros em multas à União Europeia (UE).
Esta indústria, que representa 12,9 milhões de postos de trabalho no espaço europeu e mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE, teme uma regressão no meio de ameaças externas, mas também o risco de não recuperar o investimento feito na transição energética.
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