Câmara de Santa Maria da Feira prevê agregar serviços de 15 imóveis
O presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira revelou hoje estar a preparar os procedimentos para a criação de um novo edifício-sede da autarquia, o que concentrará num só espaço serviços atualmente dispersos por 15 imóveis.
© Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
Casa Edifícios
Em declarações à Lusa, o social-democrata Emídio Sousa diz que o processo deverá envolver uma parceria com a Ordem dos Arquitetos, para definição dos termos de um concurso de ideias destinado a conceber para esse concelho do distrito de Aveiro "um edifício em altura" a instalar no terreno municipal contíguo ao quartel dos Bombeiros Voluntários, em frente à biblioteca local.
"Isto já é uma ideia antiga e não é por acaso que o terreno ao lado dos bombeiros já foi comprado pela Câmara há cerca de 30 anos. A decisão é que foi sendo adiada, mas agora temos mesmo que avançar porque estar com os serviços espalhados por uns 15 edifícios já dificultava a nossa gestão de recursos e em 2022 será muito pior, com as novas competências que o Estado vai transferir para os municípios na área da saúde, da educação e da ação social", explica o autarca.
Emídio Sousa admite que o processo "ainda vai demorar uns anos" e poderá não ficar concluído no mandato atual, que será o seu terceiro e último, mas realça que, uma vez inaugurada a nova Câmara, a transferência permitirá, por um lado, devolver aos respetivos proprietários vários dos edifícios agora arrendados pela autarquia e, por outro, alienar alguns dos imóveis que são efetiva propriedade do município.
No caso do edifício mais antigo, que remonta a meados do século XVI e por isso é conhecido como a "Câmara Velha", o autarca pretende que esse continue como "espaço patrimonial, eventualmente visitável pelo público". Já para o segundo edifício principal, designado como a "Câmara Nova", a sua intenção é transformá-lo numa Loja do Cidadão.
Quantos aos restantes imóveis, distribuídos por várias ruas do centro histórico da Feira e instalados também noutras freguesias do concelho, Emídio Sousa acredita que serão facilmente reocupados: "Os que são alugados voltam para os seus proprietários, que não devem ter falta de procura, e, dos que são da Câmara, a maioria deve ser colocada no mercado e vendida para habitação, restauração ou comércio".
Estimativa quanto ao investimento necessário para construir os novos Paços do Concelho ainda não há : "é muito prematuro falar de valores nesta fase", defende o social-democrata, acrescentando que o objetivo é que, arquitetonicamente, esse seja "um edifício marcante do território, com uma grande praça em frente, despojada, para uso desobstruído pelo público".
Estruturalmente, Emídio Sousa também já tem requisitos definidos: o imóvel vai incluir dois pisos de estacionamento subterrâneo, terá que possuir "eficiência energética total" e vai acomodar cacifos e balneários para que os funcionários da Câmara sejam estimulados a "ir trabalhar de bicicleta e possam tomar banho depois, se necessário".
Além disso, alguns espaços laborais serão pensados para que "não haja secretárias fixas e as pessoas se possam sentar onde quiserem, com o seu portátil", e todo o serviço passará a processar-se "sem papel", privilegiando a desmaterialização burocrática e os procedimentos eletrónicos.
A distribuição das diferentes valências da Câmara concentrará todo o atendimento ao público no piso térreo, ficando os gabinetes técnicos dispersos pelos pisos superiores -- o mais elevado dos quais com vista "em linha direta" para o Castelo da Feira, enquanto ex-líbris da cidade.
A obra será edificada num terreno cuja área global ronda os 21.000 metros quadrados. "Esse espaço não será todo para o edifício em si, mas claro que o projeto vai mudar totalmente as condições de trabalho do pessoal da Câmara, que também aumentou muito os seus recursos humanos nos últimos anos e agora, contando com quem está nas escolas, tem mais de 800 funcionários", sublinha Emídio Sousa.
Receio de que a deslocalização possa prejudicar a dinâmica do centro histórico, cujo comércio vive muito do fluxo de pessoas motivado pela Câmara Municipal, o autarca não tem. Pelo contrário, defende que morada antiga e nova beneficiarão ambas da mudança de instalações.
"O novo edifício vai ficar a menos de 300 metros dos antigos e coadunar-se melhor com o hospital e o tribunal. E como o centro da cidade tem hoje uma vida própria muito interessante, a transferência até pode potenciar a noite da Feira, que é uma faceta característica da atividade da zona", conclui.
Leia Também: Tornar edifícios neutros em carbono? Esta é a solução, diz especialista